Bolsonaro: Na próxima semana, a cúpula do novo governo irá se reunir para definir os parâmetros da comunicação do Planalto (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de novembro de 2018 às 14h38.
Na última quarta-feira (31), o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou sua conta de Twitter para dar um recado: "Nossos ministérios não serão compostos por condenados por corrupção, como foram nos últimos governos. Anunciarei os nomes oficialmente em minhas redes. Qualquer informação além é mera especulação maldosa e sem credibilidade".
A mensagem é um indicativo de que Bolsonaro não pretende abandonar a estratégia da campanha e vai continuar usando as redes sociais para fazer seus comunicados (como a nomeação de um ministro) - e que "qualquer informação além é mera especulação maldosa e sem credibilidade". Ou seja, os próximos anos de governo devem ser marcados pela comunicação direta (via Twitter, transmissões ao vivo, WhatsApp, aplicativos e outras) entre o eleito, seus eleitores e a população em geral.
Além disso, os grupos de WhatsApp mais ativos durante a campanha eleitoral devem continuar em funcionamento. Direto de Boston (EUA), Newton Martins, que é administrador de mais de 60 grupos de apoio ao novo presidente, afirma que a ofensiva irá continuar mesmo com a definição do pleito. "Nós preferimos o uso do WhatsApp em relação ao Facebook porque é uma ferramenta mais leve, que chega a qualquer canto do Brasil, onde não há internet veloz", diz ele, que afirma nunca ter tido contato pessoal com Bolsonaro.
"Bolsonaro, seu filhos e um celular criaram uma rede de comunicação que o levou à Presidência. Esse contato direto deve ser potencializado e atingir milhões de pessoas", diz o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP).
Na próxima semana, a cúpula do novo governo irá se reunir para definir os parâmetros da comunicação do Planalto. O que se sabe é que o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, terá protagonismo na continuidade do projeto de comunicação direta - ele foi um dos responsáveis pela coordenação das redes sociais durante o período eleitoral.
O próprio discurso da vitória, no dia 28 de outubro, foi um exemplo de como o futuro presidente deve se comportar em termos de comunicação. O discurso em questão não foi feito durante uma coletiva de imprensa - como normalmente ocorre. O recém-eleito se dirigiu à nação por meio de uma live - transmitida de dentro de sua casa, no Rio. Segundo aliados, esse é um modelo vencedor e que deve ser mantido e ampliado.
O capital virtual do novo presidente é realmente grande. Só no Twitter, ele conta com mais de 2 milhões de seguidores. Os números também são expressivos em redes como Facebook, Instagram e YouTube. Na eleição, esse diferencial foi utilizado para espalhar notícias positivas sobre Bolsonaro e atacar adversários.
Para o especialista em comunicação online Fernando Azevedo, sócio da Silicon Minds, as eleições mostraram que a comunicação via redes sociais favorece e protege os políticos. "A mensagem que o político quer passar é enviada sem edição, corte e interpretação. Por isso, Bolsonaro e outros políticos preferem usar as redes. Um modelo que vem sendo bastante usado, por exemplo, por Donald Trump", afirma.
Na quinta-feira passada (1), Bolsonaro reforçou essa ideia ao excluir a imprensa escrita de uma coletiva após convidar o juiz Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça. Nessa mesma coletiva, ele declarou que "chegou aqui (à Presidência) graças às redes sociais". "A propaganda e o marketing eleitoral caíram em desgraça junto ao eleitor. O que a população quer é uma conversa, um diálogo, não quer mais intermediários", diz o especialista em marketing político Carlos Manhanelli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.