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Governo articula venda da ALL para a Cosan

Para o governo, novos investidores poderiam fazer uma injeção de capital no grupo necessária para investimentos na malha ferroviária da ALL


	Trem da ALL: a Cosan é considerada a solução mais palpável, mas outros investidores também estão sendo avaliados, como tradings 
 (Wikimedia Commons)

Trem da ALL: a Cosan é considerada a solução mais palpável, mas outros investidores também estão sendo avaliados, como tradings  (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 07h03.

São Paulo - O governo federal articula nos bastidores mudar os atuais controladores da ALL (América Latina Logística), segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A entrada de novos investidores na companhia férrea é vista com bons olhos pelo governo, uma vez que esses investidores poderiam fazer uma injeção de capital no grupo necessária para investimentos na malha ferroviária da companhia, que responde por cerca de 60% do escoamento de grãos do País.

Nesta sexta-feira, 10, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reúne-se com dirigentes da Cosan. O banco, que tem participação acionária na ALL, quer saber até onde há disposição do grupo em retomar as conversas para entrar no bloco de controle da ferrovia, afirmaram as mesmas fontes.

O grupo, comandado pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fez em fevereiro de 2012 proposta a para entrar no bloco de controle da ALL. Mas, após um ano e meio de conversações, não houve acordo.

Em outubro passado, a ALL entrou na Justiça contra a Rumo (controlada pela Cosan), questionando contrato firmado com a ex-parceira no transporte de açúcar.

"O governo não pode simplesmente tirar a concessão da companhia porque sabe que provocaria um verdadeiro caos logístico em pleno ano eleitoral", afirma uma fonte do governo. "Mas entende que, se houvesse mudança na gestão e governança da companhia, seria o melhor dos cenários", diz a fonte.


A Cosan é considerada a solução mais palpável, mas outros investidores também estão sendo avaliados, como tradings (empresas que exportam e importam commodities). Ometto foi sondado na quarta-feira em Brasília, quando foi discutir concessões de ferrovias com a presidente Dilma Rousseff. Procurada, a Cosan não comenta o assunto.

Safra

A preocupação do governo é com o escoamento da safra. O acidente ocorrido em novembro, quando houve um descarrilamento de vagões de trem da ALL empresa deixando oito pessoas mortas em São José do Rio Preto (interior de SP), acendeu a luz amarela.

O ministro dos Transportes, César Borges, afirmou que a ALL não tinha feito os investimentos necessários para a manutenção da ferrovia e pediu para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) intensificar a fiscalização. Na época, a ALL divulgou nota negando problemas com a manutenção da ferrovia.

Um acordo entre ALL e Cosan ainda está longe de ser feito, mas a própria ALL está tentando estender a bandeira branca. A companhia contratou Pérsio de Souza, da Estáter (empresa especializada em fusões e aquisições), para encontrar uma solução para a companhia. Souza, que representa os acionistas do bloco de controle, procurou várias vezes a Cosan para acenar um acordo, ainda sem sucesso.

"É muito mais vantajoso para a Cosan selar um acordo de paz do que levar a briga adiante", disse uma fonte. "A disputa duraria muito tempo e a companhia não conseguiria repor eventuais prejuízos."


Em contrato fechado em 2009 entre as duas companhias, a Rumo se comprometeu a investir cerca de R$ 1,2 bilhão em infraestrutura de vagões e locomotivas para escoamento de açúcar - cerca de 90% desses aportes já foram feitos.

"No entanto, a ALL não realizou os investimentos necessários. E está utilizando parte dessa estrutura para açúcar no escoamento de soja", diz a fonte do governo.

ALL

Procurada, a ALL diz, por meio de sua assessoria, desconhecer a intenção do governo em buscar mudança no controle da companhia. A empresa informou ontem, por meio de fato relevante, que o "grupo e a Rumo encontram-se envolvidos em disputas acerca de sua relação comercial, sujeitas a obrigações de confidencialidade", e que "avalia soluções alternativas com relação a tais disputas, sem que se possa antever, no presente momento, o resultado das mesmas", em resposta à matéria veiculada ontem no Valor Econômico sobre a possível retomada das negociações entre as duas companhias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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