Solo ressecado é visto na represa de Jaguary: governo confirmou que as chuvas e o volume de água que chega aos reservatórios foram inferiores ao esperado (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 19h25.
Brasília - Pela primeira vez, o governo mudou o tom em relação aos recorrentes problemas de energia elétrica dos últimos meses e admitiu o risco de desabastecimento. Em extensa nota divulgada nesta quinta-feira, 13, pelo Ministério de Minas e Energia, no trecho final, em que o governo assegura a normalidade no fornecimento de eletricidade este ano, a garantia é condicionada a fatores climáticos e ao consequente comportamento dos reservatórios das hidrelétricas.
"Portanto, a não ser que ocorra uma série de vazões pior do que as já registradas, evento de baixíssima probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no País em 2014", diz o comunicado.
A nota foi divulgada durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O secretário de Energia Elétrica do Ministério, Ildo Grüdtner, limitou-se a ler o comunicado, sem responder às perguntas dos jornalistas.
O teor da nota oficial contrasta com as recentes afirmações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Um dia antes do apagão de 4 de fevereiro, Lobão disse que o risco de desabastecimento era nulo. "Estamos com mais de 40% nos principais reservatórios. Não enxergamos nenhum risco de desabastecimento de energia. Risco zero", afirmou na ocasião.
O governo confirmou que as chuvas e o volume de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas do País foram inferiores ao esperado. Segundo o comitê, em janeiro e na primeira semana de fevereiro, as afluências ficaram em 54% da média histórica nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e de 42% no Nordeste.
Ainda assim, o ministério reiterou que há segurança e equilíbrio estrutural. Segundo o governo, há uma sobra de energia de 9% em relação às projeções feitas para o ano. A carga prevista é de 67 mil MW médios e há uma folga de 6,2 MW mil médios. A sobra considera um risco de 5% de que a oferta de energia seja inferior à demanda, considerando a série histórica das condições climáticas, iniciada em 1931.