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Governo acredita ter 48 votos para reforma trabalhista

Em um cenário pessimista, o governo reconhece que cinco desses senadores "geram dúvida" e poderiam mudar o voto para "não"

Senado: para o governo, o tempo extra servirá para conter insatisfeitos com o projeto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Senado: para o governo, o tempo extra servirá para conter insatisfeitos com o projeto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 18h30.

Brasília - O governo acredita que pode ter até 48 votos a favor da reforma trabalhista no plenário do Senado.

Esse é o cenário otimista do monitoramento feito por governistas e que serve de termômetro para decidir o momento de levar o texto à votação.

No cenário pessimista, o governo reconhece que cinco desses senadores "geram dúvida" e poderiam mudar o voto para "não".

Nesse caso, o governo teria o apoio de 43 senadores - só dois a mais que os 41 necessários para aprovar o projeto.

O levantamento de votos para a reforma trabalhista mostra um cenário apertado para o Palácio do Planalto e acendeu a luz amarela para o governo Michel Temer.

O medo é a repetição da inesperada derrota do projeto vista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, onde o governo previa vitória, mas acabou sendo derrotado por um voto.

Para o Planalto, perder no plenário seria um péssimo sinal, já que a reforma trabalhista é encarada como "a mais fácil das reformas" por exigir a maioria simples do Congresso. Na reforma da Previdência, é preciso três quintos dos votos.

Esse é o pano de fundo para que líderes de partidos já falem abertamente em novo adiamento da votação no plenário em uma semana, que agora deve acontecer só na segunda semana de julho.

Para o governo, o tempo extra servirá para conter insatisfeitos com o projeto.

Nesse grupo de descontentes, estão os senadores que reconhecem a importância da reforma trabalhista, mas têm críticas a pontos do projeto.

No grupo, há nomes como Lasier Martins (PSD-RS), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Magno Malta (PR-ES).

A iniciativa para conter insatisfeitos está a cargo do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O parlamentar tem carta branca de Michel Temer para costurar um acordo para ajustar pontos da reforma trabalhista.

Jucá se compromete a mudar oito pontos da reforma, como a criação de quarentena para a migração de um trabalhador para o contrato intermitente e o cancelamento do artigo que permite que grávidas e lactantes trabalhem em locais insalubres.

Mas o compromisso do presidente Michel Temer parece pouco. Contrariado com o projeto, Lasier Martins acha que o acordo de Jucá carece de detalhes e avalia que o compromisso do Palácio do Planalto parece vago.

Para o senador gaúcho, a iniciativa não foi suficiente para garantir mais um voto "sim".

Ronaldo Caiado reconhece que o ajuste proposto pelo governo melhora a reforma trabalhista, mas o parlamentar ainda está contrariado com um ponto: o imposto sindical.

Pela iniciativa de Jucá, seria criada regra para o fim gradual da contribuição obrigatória para dar tempo aos sindicatos se reorganizarem.

O senador goiano defende o fim imediato do imposto e rejeita a iniciativa.

O capixaba Magno Malta, por sua vez, concorda com os oito pontos de ajuste da reforma do acordo de Jucá, mas diz não ter segurança de que as promessas serão efetivamente cumpridas.

"Nós que estamos acostumados a tomar chapéu no plenário, não queremos tomar mais. Tenho uma origem muito simples, mas não sou besta", disse o senador.

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