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Governadores eleitos se reúnem em São Paulo e projetam desafios para 2019

Governadores eleitos de Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Amazonas debateram desafios de gestão durante evento em São Paulo

Governadores em evento do MBC e de EXAME: Romeu Zema, Wilson Lima, Renato Casagrande e Eduardo Leite (Germano Lüders/Exame)

Governadores em evento do MBC e de EXAME: Romeu Zema, Wilson Lima, Renato Casagrande e Eduardo Leite (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 17h51.

Última atualização em 5 de dezembro de 2018 às 18h02.

São Paulo - Quatro governadores eleitos nas últimas eleições se reuniram hoje (5) em São Paulo, no hotel Unique, para debater uma questão essencial para a população: como melhorar a entrega de serviços à sociedade?

No debate, falaram os eleitos Romeu Zema (Novo), que assumirá em Minas Gerais; Wilson Lima (PSC), novo governador do Amazonas; Renato Casagrande (PSB), novo governador do Espírito Santo; e Eduardo Leite (PSDB), que assumirá no Rio Grande do Sul a partir de 2019.

Durante o evento "Governos Inteligentes para o Futuro", os políticos falaram sobre desafios de governança e gestão ao lado de Leigh Sandals, da organização Delivery Associates, e André Lahóz, diretor editorial do grupo EXAME. O evento, anual, é realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com EXAME.

Durante o encontro, foi divulgado o estudo “Desafios da Gestão Estadual”, que é tema de uma reportagem na edição 1175 da revista EXAME, que chega às bancas, ao site e ao aplicativo EXAME nesta quinta-feira. Esse estudo exclusivo mostra que as 27 unidades da federação conseguiram — entre altos e baixos — melhorar em dez anos. Agora, a maioria precisa reequilibrar as contas para continuar evoluindo.

Desafios

O britânico Leigh Sandals, da organização Delivery Associates, que auxilia governos ao redor do mundo em processos de gestão, usou a jogadora Marta para falar sobre bons exemplos de líderes: "A jogadora brasileira Marta é um ótimo exemplo de liderança que precisamos diante dos desafios atuais no País. Ela não desiste. Ela persiste diante dos desafios".

Sobre o atual modelo de gestão na política, Sandals comparou dois tipos de gestão. "Há dois tipos de governo. O governo que atua por espasmos e o governo que atua por rotina. O governo do espasmo reage somente quando os problemas surgem, ele trabalha via gestão de crise, trabalha com suposições. Já o governo de rotina é inteligente, ele atua através de prioridades claras, acompanha o desenvolvimento de suas ações, usa dados e informações coletadas para agir com eficiência", explicou Sandals. Não é preciso dizer qual o tipo que o Brasil mais precisa.

Ele também elencou cinco pontos importantes para os atuais e futuros governos. "Gestões públicas eficientes precisam sempre trabalhar a partir de cinco questões fundamentais: O que estamos tentando fazer?; Como pretendemos fazer isso?; A cada momento, como saber que estamos no caminho certo?; Se o resultado está abaixo do que esperávamos, o que faremos para mudar?; e Como podemos ajudar?", analisou.

Confira os principais pontos levantados pelos novos governadores, sobre principais desafios e expectativas:

Romeu Zema (Novo), eleito em Minas Gerais

Enxugar a máquina - "Minas Gerais tem o maior problema do Brasil no quesito contas públicas. Isso se deve a atual gestão, que por anos transformou o estado em um grande cabide de empregos. O que vamos fazer, inicialmente, é um grande enxugamento na máquina do estado, o que está longe de resolver todo o problema, mas é um começo".

Equipe - "Fui eleito sem nenhuma promessa de campanha. Não tenho dívida com ninguém, ninguém vai vir me pedir apoio ou cargo agora que fui eleito. Assim, nossa equipe será composta a partir do estudo de headhunters, que encontraram os melhores para cada área. Se a pessoa não trabalhar do modo como esperamos, vamos substitui-la".

Wilson Lima (PSC), eleito no Amazonas

Humildade - "Nossa eleição era improvável. Nossa composição, de apenas três partidos, tinha vinte segundos na televisão. Eu mesmo nunca fui político, não vim de família tradicional de políticos ou empresários. Sou de família modesta, de seis irmãos, que saíram do Nordeste nos anos 1960 e foram buscar melhores oportunidades na Amazônia".

Transição - "O que vai acontecer no Amazonas é inédito. Um mesmo grupo governa o estado há 35 anos. Então nunca houve processo de transição. Seremos os primeiros".

Desafios no estado - "É o estado com a maior extensão territorial no Brasil, estamos muito isolados, só se sai do estado de barco ou avião. Falta pavimentar um bom trecho, de 400km, da rodovia 319, para melhorar a infraestrutura da região".

Renato Casagrande (PSB), eleito no Espírito Santo

Tolerância - "Os governos que vão entrar agora terão uma tolerância da sociedade, um breve tempo de trégua, mas a população vai logo exigir respostas, não deixará que fiquemos lá sem fazer nada. Precisaremos demonstrar capacidade de gestão pública".

Desesperança - "A sociedade está sem esperança, uma realidade dura se impõe. Hoje os governos pegarão os estados com dificuldades, com muita dívida pública. Vamos enfrentar esses desafios com eficiência".

Desafios do estado - "Somos um estado pequeno, com população pequena, diante dos demais estados do Sudeste. Nosso maior desafio, a partir de 2019, será o de se tornar mais competitivo na região. Precisamos atrair investimentos e empreendedores, precisamos diversificar a economia, atualmente muito presa ainda à exportação de commodities".

Eduardo Leite, eleito no Rio Grande do Sul

Gestor ou político - "Ficam me perguntando se o meu governo será técnico ou político. Eu digo que essa opção não existe. Precisa ser os dois. Um governador precisa ser um bom gestor e também um bom político".

Mudanças no poder - "O poder está se deslocando. O governador é proponente da agenda, mas quem decide é a Assembleia. Não existe mais o governador que decide tudo sozinho e bate na mesa. Temos uma assembleia legislativa cada vez mais fragmentada, temos um Congresso mais fragmentado, temos aumento do poder do Judiciário e do Ministério Público. Assim, as decisões antes concentradas vão passar por várias mãos e instâncias".

Crise - "Vários estados estão quebrados. Achavam que, para estimular a economia, era preciso aumentar o gasto público. Errado. Agora será preciso muita coordenação política e tomar medidas duras, porém necessárias. Há uma desconfiança da população agora. Precisamos voltar com a cultura da confiança".

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