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Governadores, deputados e senadores condenam pronunciamento de Bolsonaro

Nesta terça-feira, presidente da República minimizou gravidade da pandemia do coronavírus

Jair Bolsonaro: Bolsonaro criticou a quarentena imposta por Estados pelo coronavírus e defendeu a volta do País à "normalidade". (TV Brasil/Reprodução)

Jair Bolsonaro: Bolsonaro criticou a quarentena imposta por Estados pelo coronavírus e defendeu a volta do País à "normalidade". (TV Brasil/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de março de 2020 às 08h37.

Última atualização em 25 de março de 2020 às 13h04.

O pronunciamento nacional de rádio e televisão feito pelo presidente Jair Bolsonaro na noite desta terça-feira, 24, foi recebido por uma série de críticas de políticos, inclusive entre a cúpula do Congresso Nacional.

No discurso, Bolsonaro criticou a quarentena imposta por Estados pelo coronavírus e defendeu a volta do país à "normalidade", ignorando recomendações explícitas de especialistas sobre a necessidade de isolamento social para não sobrecarregar os hospitais.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou, em nota, que o pronunciamento do presidente foi grave. Ele cobrou uma liderança "séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população".

"Neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)", defendeu.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), apontado como possível adversário de Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais, afirmou que o pronunciamento "mostra que há poucas esperanças" de que o presidente "possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República".

"Os danos são imprevisíveis e gravíssimos", criticou. Dino anunciou também que manterá no Maranhão "todas as providências preventivas e de cuidado em face do coronavírus".

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que Bolsonaro é "desconectado das orientações dos cientistas do mundo e das ações do Ministério da Saúde". Casagrande afirmou que o presidente "confunde a sociedade, atrapalha o trabalho nos Estados e municípios, menospreza os efeitos da Pandemia". "Mostra que estamos sem direção", tuitou.

A líder do PSL na Câmara e ex-líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP), chamou o presidente de "irresponsável, inconsequente e insensível" e que ele "erra e se orgulha do erro estúpido".

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que o discurso foi "gravíssimo" e põe "todo o País em risco" . O deputado David Miranda (PSOL-RJ) afirmou que o discurso "impõe uma tarefa de sobrevivência a todos". "É uma questão de vida ou morte derrubá-lo. É tirar Bolsonaro para salvar o País", afirmou.

Para o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a fala foi "uma calamidade política, desrespeita orientações da comunidade científica, das ações do ministro da Saúde, do planeta".

O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) disse que o pronunciamento presidencial foi "uma postura irresponsável num momento que exige seriedade máxima". O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tuitou que Bolsonaro "passou de todos os limites" e que "agora é hora de o Congresso agir".

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) escreveu que Bolsonaro, "com suas palavras irresponsáveis, demonstra total desprezo por quem pode morrer". O senador Angelo Coronel (PSD-BA) escreveu que Bolsonaro "está brincando com a saúde do povo brasileiro".

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que o presidente "poderia ter usado o pronunciamento desta noite para tentar restaurar sua legitimidade no cargo", mas que "perdeu a oportunidade". "Esse governo chegou ao fim. Não tem mais salvação", tuitou.

O ex-prefeito de São Paulo e adversário de Bolsonaro nas últimas eleições, Fernando Haddad (PT), escreveu num tuíte que o presidente "apostou milhares de vidas e a própria Presidência nesse pronunciamento". "Qualquer que seja o desfecho, vai custar caro ao País", apontou.

Ex-candidato a presidente nas mesmas eleições, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos declarou que Bolsonaro não apresentou nenhuma nova medida no pronunciamento. "O Brasil é governado por um homem perturbado com teorias da conspiração, mas que agora ameaça criminalmente a vida de milhões de pessoas", escreveu.

O fundador do Partido Novo, João Amoedo, criticou Bolsonaro por não apresentar um plano contra o surto de coronavírus e sugeriu sua renuncia.

 

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