Brasil

Gleisi associa Tarcísio e Bolsonaro a tarifas e diz que é hora de separar 'patriotas de traidores'

Ministra classificou anúncio do presidente americano como o 'maior ataque' já feito ao país

Fala da ministra ocorre no momento em que o governo avalia eventuais contramedidas (Saulo Scheffer/Site do PT/Reprodução)

Fala da ministra ocorre no momento em que o governo avalia eventuais contramedidas (Saulo Scheffer/Site do PT/Reprodução)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de julho de 2025 às 12h23.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 12h30.

A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) associou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, potencial presidenciável, à tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil. Pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente dos EUA, porque nunca se importaram de verdade com o país e o povo”, afirmou Gleisi.

A deputada classificou a medida como “o maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz” e afirmou que a decisão do republicano tem motivações políticas, com objetivo de interferir no cenário interno brasileiro em defesa de Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

“Estamos diante de um movimento que visa não apenas enfraquecer nossa economia, mas desestabilizar a democracia brasileira. É a continuação do golpe pelo qual Bolsonaro responde no STF, agora com apoio externo, por meio de tarifas impostas por um país estrangeiro. É nessa hora que uma nação distingue os patriotas dos traidores”, disse.

A fala da ministra ocorre no momento em que o governo avalia eventuais contramedidas, enquanto parlamentares da base pressionam por uma resposta. Nos bastidores, a avaliação é que o Palácio do Planalto pode aderir à Lei da Reciprocidade.

Responsabilizado por Gleisi, o governador de São Paulo criticou Lula ao comentar a medida de Trump, afirmando que seria um resultado da condução do presidente que teria colocado sua ideologia acima da economia.

"Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás de Bolsonaro", escreveu Tarcísio nas redes sociais.

Cronologia da crise

Veja a cronologia da crise diplomática

7 de julho

11h46 - O presidente dos EUA, Donald Trump, sai em defesa de Jair Bolsonaro em sua rede social, a Truth Social. Trump fala em “perseguição” e “caça às bruxas” e diz que o Brasil faz uma “coisa terrível” no tratamento dado ao ex-presidente.

12h42 - A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) é uma das primeiras aliadas de Lula a reagir. Nas redes, diz que as declarações são “equivocadas” e que Trump deveria “cuidar dos problemas de seu próprio país”.

13h19 – Lula publica uma nota para rebater Trump na qual afirma que “a defesa da democracia no Brasil” é uma responsabilidade dos brasileiros. “Somos um país soberano e não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”, enfatiza.

13h29 – Bolsonaro agradece pelo aceno de Trump e diz que o processo pelo qual responde no Brasil é “uma aberração jurídica e clara perseguição política, já percebida por todos de bom senso”.

14h15 – Lula aborda pela segunda vez o assunto, agora de forma mais direta, após reunião do Brics, no Rio. O presidente diz que o Brasil “tem leis, regras e um dono chamado povo brasileiro” e pede que Trump “dê palpite na sua vida, e não na nossa”.

8 de julho

22h18 - Trump volta a defender Bolsonaro em sua rede social um dia depois da primeira postagem. "Deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. CAÇA ÀS BRUXAS!!!", escreve.

9 de julho

13h25 - A Embaixada dos EUA divulga nota em que endossa as declarações de Trump sobre a Justiça brasileira. O texto diz que a "perseguição política" a Bolsonaro é "vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas brasileiras".

Após o posicionamento, o Itamaraty decide convocar o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, para que explique a declaração.

Horas depois, Escobar é advertido pela secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Maria Luísa Escorel, que classifica a nota como "intromissão indevida e inaceitável" em assuntos brasileiros.

Trump antecipa intenção de tarifar importados do Brasil ao citar que o país "não tem sido bom para nós. Nada bom".

Trump envia, em seguida, carta a Lula e anuncia tarifa de 50% ao Brasil. Ao justificar a medida, cita que a "caça às bruxas" a Bolsonaro deve "acabar imediatamente" e que o STF emitiu "ordens de censura" a plataformas digitais dos EUA.

19h56 - Lula reage ao americano e afirma que qualquer elevação de tarifas "será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica".

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