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Ginástica olímpica do Rio passa por crise, diz dirigente

A crise poderá comprometer toda uma geração de atletas, impedidos de atingir nível olímpico por não ter onde treinar, segundo presidente da federação desse esporte no Rio


	Recentemente, a diretoria do Flamengo decidiu terminar com a equipe de ginástica do clube, onde treinavam campeões como Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa
 (Clive Rose/Getty Images)

Recentemente, a diretoria do Flamengo decidiu terminar com a equipe de ginástica do clube, onde treinavam campeões como Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa (Clive Rose/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2013 às 10h17.

Rio de Janeiro – A falta de locais para treinar está prejudicando o nível técnico da ginástica olímpica no estado do Rio e poderá comprometer toda uma geração de atletas, impedidos de atingir nível olímpico por não ter onde treinar.

A presidente da Federação de Ginástica do Estado do Rio de Janeiro, Andréa João, considera esta a pior crise da história da ginástica no Rio. "Já tivemos outras crises, que foram superadas, mas esta é a mais cruel. É um contrassenso que não consigo entender, por se tratar da cidade olímpica".

Atualmente, ela despacha de sua própria casa, já que a entidade não tem sede própria. A única e modesta sala, onde estão objetos, arquivos e alguns móveis, fica no Estádio de Atletismo Célio de Barros, que está prestes a ser demolido para dar lugar às obras de reforma do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.

Recentemente, a diretoria do Flamengo decidiu terminar com a equipe de ginástica do clube, onde treinavam campeões como Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa, além de mais 25 atletas de ponta. Segundo a presidente da federação, outros espaços vêm sendo fechados no estado, passando de forma despercebida pela mídia.

“Há espaços menores que estão fechando e as pessoas nem sabem que os presidentes dos clubes acabaram com a ginástica. Estou muito preocupada com este cenário. Porque se a gente não tem onde praticar, sinceramente não sei o que fazer. Infelizmente, o ciclo fica fechado e não temos como quebrá-lo”, disse Andréa.

Ela citou dois exemplos recentes de instituições tradicionais que fecharam seus projetos de ginástica: o Colégio Plínio Leite e a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), ambos em Niterói, e o Colégio Alfa Cem, na zona oeste do Rio. Além disso, segundo Andréa, clubes de peso, como o Vasco da Gama, também não estão investindo nos departamentos de ginástica.

“Eles ficam preocupados porque não sabem como administrar. Não funciona financeiramente, mas isso não é um problema do esporte e sim da administração. Eles dizem que o esporte é deficitário, mas por que só no Brasil? É assim e no mundo todo funciona?”.


Por causa disso, a presidente da federação demonstrou preocupação com os resultados do país na ginástica nas Olimpíadas de 2016. “Quando o Brasil ganhou medalha olímpica, achei realmente que a gente fosse mudar. Que o paradigma fosse trocado e que tivéssemos investimentos maiores e ginásios, com preocupação na formação do atleta. Mas, hoje eu me pergunto: onde é que está o esporte [olímpico] no Rio de Janeiro? Com certeza não está nas escolas. Os clubes estão mostrando que não têm condições de administrar. E não está nas universidades. Então está onde? Cadê o esporte?”, indagou.

“A gente não está entrando [em crise]. Nós já estamos há muito tempo. Agora está mais evidenciado pela questão da Olimpíada. Eu fiquei muito decepcionada na época do Pan [Jogos Pan-Americanos de 2007]. A gente achava que o Pan ia ser a salvação do nosso esporte. Mas ele passou, a federação não foi chamada para nada, ficamos isolados e não tivemos nenhum retorno disso. Não tivemos um ginásio bacana, um projeto que pudesse estar dando frutos hoje.”

Andréa disse que o problema não é a falta de verbas oficiais para o esporte, mas a destinação final desses recursos. “Eu nunca vi uma participação tão grande do governo no esporte. Há muito dinheiro sendo canalizado, mas não sei por que não está sendo feito algo pela parte de base, na estrutura do esporte. Estão se preocupando muito com o topo, com atletas com medalhas. Mas, em que isso vai modificar o nosso país? Hoje, a realidade são as mães ligando para a federação, perguntando onde elas podem levar os filhos para praticar esporte.”

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, reconheceu que o fechamento de instalações esportivas é negativo, principalmente para a renovação por meio das novas gerações.

“Evidentemente, ninguém gosta que se feche instalações esportivas. Agora, cada clube entende o que é melhor para si. Eu não dirijo nenhum desses clubes, mas é fundamental que eles reflitam a importância para a juventude, pois esse talvez seja o principal legado que fica para o esporte. São essas crianças que amanhã vão se motivar para praticar ginástica ou jogar basquete, badminton, tênis, futebol ou vôlei”, disse Nuzman.

Segundo o presidente do COB, os atletas de ginástica que treinavam no Rio estão sendo levados para outras cidades, inclusive para fora do estado.

“Na verdade, o Rio nunca teve um centro de ginástica, historicamente falando. Hoje, uma parte da ginástica está indo para [o município de] Três Rios, a outra está indo para Belo Horizonte, para o Minas Tênis Clube. Infelizmente, pegou fogo o ginásio do Flamengo, com equipamentos que nós emprestamos, que poderia ser transformado em um centro nacional. Mas acredito que a ginástica continua sendo uma preocupação, de podermos dar o melhor possível.”

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