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Gilmar Mendes diz que Lava Jato virou partido político

Ministro cita o procurador Deltan Dallagnol, alvo de abertura de um processo administrativo disciplinar pelo Plenário do Conselho Nacional do MP

Gilmar Mendes: ministro do STF afirmou que a Lava Jato deixou de ser um grupo de trabalho para se tornar um partido político (Carlos Moura/SCO/STF/Divulgação)

Gilmar Mendes: ministro do STF afirmou que a Lava Jato deixou de ser um grupo de trabalho para se tornar um partido político (Carlos Moura/SCO/STF/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2019 às 12h09.

Lisboa — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes descarregou sua artilharia contra membros da Operação Lava Jato e, em especial, contra o procurador Deltan Dallagnol, que foi alvo de abertura de um processo administrativo disciplinar pelo Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Para o ministro, o grupo de investigação se transformou em um partido político e a tentativa da criação da "fundação Lava Jato", com gerenciamento de grandes montantes financeiros, seria uma "brincadeira que Dallagnol teria para fazer política".

A abertura do processo se deu por declarações que o procurador deu em uma recente entrevista à rádio CBN, afirmando que os ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, além de Gilmar Mendes, desfaziam todo o trabalho realizado em Curitiba.

Para o chefe da operação Lava Jato, o trio transmite a mensagem de leniência e forma uma panelinha conivente com a corrupção. "Acho que a mídia está até minimizando isso. O que ele disse é que a turma passava uma mensagem favorável de leniência quanto à corrupção, esta foi a imputação dele - e depois disso que formava uma panelinha. Foi por isso que houve a representação e ele foi absolvido no conselho do Ministério Público e agora foi instaurado o inquérito", disse Mendes nesta quarta-feira, 24.

Para o ministro, a Lava Jato nada mais é do que um grupo de trabalho. "Mas por um vício - esses vícios comuns a nós - virou, na verdade, uma instituição, um partido político. Quase ganharam, vocês viram, uma fundação", comentou.

Gilmar Mendes falou com jornalistas na capital portuguesa, onde encerra nesta quarta o workshop que faz parte do VII Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual é sócio.

O ministro relatou que brincou com amigos portugueses na segunda-feira, 22, durante um jantar com a participação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que no Judiciário integrava a operação Lava Jato, sobre a quase criação da fundação.

"Ele (Moro) disse que foi um pequeno erro. Um pequeno erro? Vou explicar para vocês, portugueses. Ele estava constituindo, lá em Curitiba, a Fundação Calouste Gulbenkian, eles teriam 100 milhões de euros para brincar de agentes sociais e aí foi uma risada geral", descreveu. A Calouste Gulbenkian é um conhecido complexo de artes, beneficência, ciência e educação criado em 1956 em Portugal.

Questionado sobre como Moro reagiu a essa intervenção, Mendes disse que o ministro optou pelo humor. "Disse: 'dou-lhes o benefício da dúvida', mas os portugueses entendem bem a Fundação Calouste Gulbenkian, que investe todos os anos 100 milhões de euros. Era a brincadeira que Dallagnol teria para fazer política, talvez para fazer campanha e coisas do tipo", insistiu.

Na terça-feira, 23, durante discurso no Fórum, Mendes disse que era preciso tomar cuidado com forças-tarefas que poderiam se transformar em milícias. Quando perguntado se estava se referindo à Lava Jato neste caso, disse que era a "coisas como o tipo". "Vocês (jornalistas) acompanham isso: é o irmão que advoga aqui... começa-se a fazer coisas desse tipo.

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