Soldados israelenses em tanque de combate na Faixa de Gaza (Lior Mizrahi/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 20h32.
São Paulo – Em meio ao conflito que já matou centenas de pessoas na Faixa de Gaza, Brasil e Israel entraram nesta quinta-feira em uma briga diplomática sem meias palavras.
A animosidade teve origem quando o Ministério das Relações Exteriores publicou, na noite desta quarta-feira, uma nota de repúdio ao “uso desproporcional da força” de israelenses contra palestinos, “do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”.
O comunicado não agradou à chancelaria de Israel, que afirmou, por meio de seu porta-voz, que o Brasil é um parceiro diplomático “irrelevante”. “Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático", disse Yigal Palmor.
O Consulado de Israel também respondeu com uma nota oficial em seu site, lamentando o fato de o Brasil “ignorar seu direito de defesa”.
“Israel espera o apoio de seus amigos na luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países ao redor do mundo”, diz ainda o comunicado.
Ao contrário do que acontece geralmente nos discursos amenos da diplomacia, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, rebateu as acusações e manteve a posição de reprovação contra o uso massivo de força.
“Condenamos a desproporcionalidade da reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos”, disse o ministro nesta quinta.
“Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles. Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU e temos um histórico de cooperação pela paz", afirmou ainda.
Sobre o Hamas, Figueiredo lembrou que outro comunicado emitido pelo Itamaraty no dia 17 já condenava o movimento islâmico pelos foguetes lançados contra Israel.
“Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua”, disse o ministro, enfatizando que não existe cessar-fogo unilateral.