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Gestão Doria estuda definir áreas controladas para uso de drogas

Neste domingo, policiais fizeram uma operação na Praça Santa Isabel, contra usuários de drogas; Horas depois, eles já haviam retornado ao local

Cracolândia: durante ação deste domingo, três pessoas foram presas (Paulo Whitaker/Reuters)

Cracolândia: durante ação deste domingo, três pessoas foram presas (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de junho de 2017 às 07h39.

Última atualização em 12 de junho de 2017 às 12h40.

São Paulo - A Prefeitura e o governo de São Paulo realizaram ontem uma nova ação para a retirada de dependentes químicos e limpeza, desta vez na Praça Princesa Isabel, região central. Horas depois, os usuários já haviam retornado ao local e, segundo o Município, serão impedidos de montar tendas e barracas.

O coordenador do programa Redenção, o psiquiatra Arthur Guerra, disse ao Estado que estuda a possibilidade de, no futuro, haver áreas controladas para o consumo de droga na cidade.

A afirmação foi feita por Guerra após a operação, ao explicar o funcionamento das estruturas de acolhimento da Prefeitura.

"Hoje disponibilizamos 150 lugares em contêineres e mais 120 lugares em abrigos para que os usuários possam passar a noite e tomar uma canja. Eles não são obrigados a se tratar, se quiserem podem chegar lá drogados, o que ainda não dá é para usar a droga no local. Mas quem sabe, no futuro, passe a poder." O Estado apurou que um dos obstáculos para a decisão é como lidar com o tráfico de drogas.

Com 550 PMs, a ação da Força Tática e do Choque começou às 5 horas, quando os agentes cercaram a praça. Ao perceber a movimentação, parte dos usuários e traficantes da nova Cracolândia passou a seguir em direção à estação da Luz e ao Elevado João Goulart, abandonando as barracas montadas desde 21 de maio, quando houve a ação policial que os tirou da antiga Cracolândia.

Viaturas bloqueavam as Avenidas Rio Branco e Duque de Caxias quando o helicóptero da PM sobrevoou pela primeira vez a área, às 6h25, e mais viciados saíram.

Fogueiras - acesas para espantar o frio (a temperatura média à noite foi de 8,7°C) - foram alimentadas pelos dependentes. O fogo atingiu barracos e se espalhou. A PM acionou os bombeiros e o Choque entrou na praça.

Os policiais percorreram toda a praça em meia hora. Homens do Choque, com escudos, avançaram sem resistência dos que ainda estavam lá. Um viciado acordou no meio do fogo, com queimaduras no braço, e foi socorrido. Agentes da Prefeitura limparam a área.

Três pessoas foram detidas: dois traficantes e um usuário acusado de agredir um jornalista. Denilson dos Santos, de 23 anos, e Elenilson Lopes da Silva, de 39 anos, carregavam 774 gramas de crack, R$ 1.596 e uma balança. Foram levados ao Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e autuados por tráfico.

Na Avenida Rio Branco, um viciado aguardava o fim da limpeza para ver se recuperava uma carroça, abandonada às pressas. "Só deu tempo de pegar o cobertor e uma rapadura", disse, se recordando depois que salvara a cadeira de metal acolchoada em que estava sentado.

Atendimento

O alojamento para acolhimento em contêineres teve baixa demanda. Apenas quem havia pernoitado no local continuou por lá. Às 9 horas, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB, foram à praça, para onde os dependentes voltaram depois de circular pelo centro.

A estratégia, segundo a Prefeitura, era espalhar os viciados para facilitar a abordagem dos agentes de saúde e o encaminhamento para tratamento.

"Este é um trabalho permanente, não vai resolver (o problema) do dia para noite. Quando há concentração você facilita a vida do traficante, atrai pessoas e dificulta a abordagem", afirmou Alckmin. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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