Brasil

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas

Marina Helou afirma que proibir celulares nas escolas vai melhorar concentração e desempenho dos alunos

Marina Helou: deputada afirma que texto é quase um consenso entre os deputados da Alesp (Agência Alesp/Reprodução)

Marina Helou: deputada afirma que texto é quase um consenso entre os deputados da Alesp (Agência Alesp/Reprodução)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 12 de novembro de 2024 às 17h48.

Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 19h02.

A autora do Projeto de Lei 293/2024, que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos alunos nas escolas públicas e privadas do estado de São Paulo, a deputada estadual Marina Helou (Rede), afirma que a medida busca melhorar o aprendizado nas escolas, eliminando a distração causada pelos celulares.

“Essa é a primeira geração que está aprendendo menos do que seus pais. E isso tem muita relação com o tempo de concentração e capacidade de compreensão. O celular tem sido essa distração principal na aula da capacidade de aprender”, afirma em entrevista à EXAME.

Aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira, 12, o projeto segue para sanção do governador Tarcísio de Freitas. 

O projeto proíbe não apenas o uso, mas também que os jovens mantenham os celulares durante o período de aulas. De acordo com a medida, as escolas deverão estabelecer protocolos para o armazenamento dos dispositivos antes do início das aulas.

“A lei é importante porque as escolas e os professores não estão conseguindo, sozinhos, fazer essa restrição de uso. Quando temos a força da lei, que é proibido, isso tira do professor a responsabilidade de inibir o uso. É um endosso para justificar a proibição do uso do celular”, diz.

A ideia, segundo Helou, é que os estudantes se concentrem apenas nas aulas e interajam mais com os colegas, visto que a escola também é um espaço de desenvolvimento emocional e social. Para justificar a necessidade da lei, a deputada cita diversos estudos e exemplos internacionais.

“Os diretores relatam que os recreios são silenciosos, pois as crianças ficam o tempo todo nos celulares. A maioria dos países desenvolvidos já proíbe ou caminha para a proibição. As escolas de elite do país já proibiram. Precisamos dar a mesma chance de desenvolvimento para todas as nossas crianças”, afirma.

Além de diminuir as distrações, Helou diz que a proposta busca prevenir que o uso excessivo de redes sociais e do celular provoque doenças mentais entre os jovens.

“Estamos vendo uma epidemia silenciosa entre nossas crianças e adolescentes, com casos de ansiedade e depressão. Isso tem relação com a falta de desenvolvimento de habilidades emocionais e o impacto do celular no desenvolvimento”, aponta.

Helou reforça que o projeto não é contra a tecnologia, pois o uso dos celulares será permitido em momentos de necessidade pedagógica para acessar conteúdos digitais ou ferramentas educacionais específicas. Alunos com deficiência que necessitem de tecnologias para a plena participação nas atividades escolares também poderão utilizar.

Os apontamentos de Helou também são considerados no âmbito federal. Em setembro, o ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que o governo prepara um projeto de lei para banir o uso de aparelhos nas escolas de todo o país.

Aprovação com consenso

A expectativa da deputada e de outros parlamentares consultados pela EXAME era que o projeto de lei seja votado entre esta terça e quarta-feira. Segundo Helou, o texto tem 40 coautores e foi desenvolvido para gerar um consenso, o que deve garantir sua aprovação unânime.

“Conversamos com todos os partidos. Tiramos dúvidas e ajustamos o texto para construir um acordo. Estamos confiantes de que o projeto será aprovado”, afirma.

Helou ainda menciona que as conversas com a Secretaria de Educação estão “bem avançadas” para que o projeto seja sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas sem maiores negociações.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoCelularesEscolas

Mais de Brasil

Mauro Cid presta depoimento ao STF após operação e pedido de suspensão de delação

'Enem dos concursos' terá novo cronograma anunciado nesta quinta

Lula lança programa para renegociar contratos de estradas federais hoje sob administração privada

PT pede arquivamento de projeto de lei que anistia condenados pelo 8 de janeiro