Arruda: a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores (Centro de Comunicação Social do Exército/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de janeiro de 2023 às 21h12.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, exonerou o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, neste sábado, 21. Arruda, nomeado por Lula ainda durante o governo Bolsonaro, assumiu em 30 de dezembro de 2022, o que faz dele o chefe da Força Terrestre que menos tempo passou no cargo desde o fim do regime militar: foram apenas 23 dias.
Segundo apurou a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a recusa de Arruda em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como "coronel Cid".
O general exonerado foi substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que é amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rechaçou a possibilidade de um golpe após a eleição de Lula e chegou a ser chamado de 'melancia' por apoiadores de Jair Bolsonaro.
Em toda a redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar menos de um ano no cargo - ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por 9 meses, até 30 de dezembro, quando foi substituído por Arruda.
Há outra passagem relâmpago no comando da Força durante o período da ditadura militar. O general Vicente de Paulo Dale Coutinho foi nomeado à chefia do Ministério do Exército (nomenclatura anterior do cargo) no início do governo de Ernesto Geisel, em 15 de março de 1974, mas ocupou a posição por menos de dois meses, falecendo no dia 27 de maio do mesmo ano.