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Geithner joga culpa de real forte em emergentes

Segundo ele, real apreciado também reflete o interesse dos investidores estrangeiros e as altas taxas de juros domésticas

Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos Estados Unidos (Chung Sung-Jun/EXAME.com)

Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos Estados Unidos (Chung Sung-Jun/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 16h22.

São Paulo - O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, citou a manutenção do câmbio depreciado em alguns países emergentes como um dos responsáveis pela alta do real.

Segundo ele, a apreciação da moeda doméstica reflete a combinação de três fatores: além do câmbio de emergentes, ele ressaltou o interesse dos investidores estrangeiros no Brasil e as altas taxas de juros domésticas que aumentam a atratividade do capital de curto prazo.

"Esses fluxos têm sido aumentados por políticas de outras economias emergentes que estão tentando manter suas moedas desvalorizadas", disse Geithner nesta segunda-feira, durante encontro na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.

Na semana passada, o Tesouro dos EUA emitiu um relatório afirmando que a moeda chinesa está "substancialmente subvalorizada".

Nesta manhã, Geithner disse que a China está apenas no início de um processo de transição do modelo de câmbio rígido para um flutuante e projetou para os próximos anos uma apreciação importante da divisa chinesa.

Ao comentar sobre as razões do real forte, o secretário do Tesouro norte-americano não fez nenhuma menção ao atual patamar dos juros nos Estados Unidos nem à política de estímulos daquele país, que tem contribuído para aumentar os fluxos de capital.

Geithner, que se encontraria ainda nesta tarde com o ministro da Fazenda, Guido Mantega --que no ano passado cunhou a expressão "guerra cambial", referindo-se ao esforço que vários países estão implementando para tentar garantir competitividade nas exportações--, disse que há muitos desafios em comum entre Brasil e Estados Unidos nesse aspecto.

Segundo ele, os dois países estão trabalhando para garantir o equilíbrio do sistema financeiro e econômico, condição que passa pela necessidade de medidas macroprudenciais e a boa administração das contas fiscais. 


"Reconhecemos que os Estados Unidos têm que tomar medidas; temos nossos desafios em casa", afirmou.

Crescimento sustentável

Para Geithner, as principais economias do globo devem priorizar o equilíbrio da gestão macroeconômica para evitar distorções que ponham em risco o crescimento no longo prazo.

Assim, considerou apropriadas as medidas que vêm sendo tomadas por países emergentes, como Brasil e China, para esfriar o ritmo da economia, devido às pressões inflacionárias.

Além disso, Geithner disse que os EUA estão conversando com a França sobre a proposta do presidente Nicolas Sarkozy de criar mecanismos para tentar reduzir a especulação nos mercados de commodities e reduzir uma alta mais acentuada dos preços desses produtos.

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