Geddel Vieira Lima causa polêmica ao falar sobre criminalização da prátixa do caixa 2 (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 21 de setembro de 2016 às 18h03.
Brasília – Mais uma vez a declaração de um ministro do governo do presidente Michel Temer (PMDB) deu dor de cabeça para a cúpula peemedebista. Dessa vez, o responsável é o ministro-chefe da Secretária do Governo, Geddel Vieira Lima, que afirmou ao jornal O Globo que caixa dois não é crime e que quem se beneficiou deste mecanismo no passado não pode ser punido.
“Se pede isso, é lícito supor que caixa 2 não é crime. Se não é crime, é importante estabelecer penalidades aos que infringirem a lei. Agora, quem foi beneficiado no passado, quando não era crime, não pode ser penalizado”, explicou Geddel.
Ainda que tenha destacado que essa era uma opinião pessoal e não do governo, Geddel gerou mal-estar no Planalto. Membros do núcleo duro classificaram a fala do ministro como desastrosa. Para eles, o chefe da Secretária de Governo reacendeu polêmica sobre a tentativa de parlamentares de anistiarem quem cometeu caixa 2 no passado.
Além disso, nomes importantes da base governista afirmaram que a declaração aumentou a desconfiança sobre a atuação do Planalto no combate à corrupção. “A oposição ganha mais uma munição para dizer que o governo trabalhará para atrapalhar a Lava Jato”, afirmou um auxiliar do governo a EXAME.com.
Há pouco, Geddel disse que não defendeu quem cometeu caixa 2 e defendeu que debate precisa ser feito. “Se é crime, por que o Ministério Público manda proposta criminalizando? E se não é crime, não tem como punir quem tenha cometido essa infração tipificada como eleitoral”.
As declarações do ministro incomodaram tanto que Temer resolveu se posicionar sobre o assunto em entrevista coletiva em Nova York, onde participa da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente classificou a posição de Geddel como uma “opinião personalíssima” do ministro, e não um posicionamento do governo.
“Isso foi surpreendente para mim. Quando eu chegar no Brasil, vou examinar essa questão. Não tem orientação nenhuma, não daria uma orientação daqui. Pessoalmente, eu acho que não é bom, mas vou chegar lá, quero esclarecer isso, senão parece interferência minha no Poder Legislativo e eu não faço interferência”, disse Temer.