Brasil

Fux proíbe destruição de mensagens hackeadas e pede cópia do inquérito

O ministro Sergio Moro, uma das autoridades que tiveram celulares invadidos, havia sugerido a destruição de mensagens usadas como provas em investigações

SERGIO MORO: o ministro propôs a destruição do material hackeado, o que foi criticado pela OAB  (Ueslei Marcelino/Reuters)

SERGIO MORO: o ministro propôs a destruição do material hackeado, o que foi criticado pela OAB (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 18h45.

Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 18h54.

O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, atendeu nesta quinta-feira, 1, a um pedido do PDT e proibiu a destruição de provas colhidas com hackers presos pela Polícia Federal no mês passado, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão de telefones e obtenção de dados de autoridades.

Em sua decisão, Fux apontou que há "fundado receio de que a dissipação de provas possa frustrar a efetividade da prestação jurisdicional". O ministro também determinou que lhe seja enviada uma cópia do interior teor do inquérito relativo à Operação Spoofing, incluindo as provas já colhidas.

"A formação do convencimento do plenário desta Corte quanto à licitude dos meios para a obtenção desses elementos de prova exige a adequada valoração de todo o seu conjunto. Somente após o exercício aprofundado da cognição pelo colegiado será eventualmente possível a inutilização da prova por decisão judicial", observou Fux, em sua decisão.

Ao acionar o Supremo, o PDT ressaltou uma nota oficial do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, uma das autoridades hackeadas, que afirmava que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, lhe havia informado que o material obtido com os hackers "vai ser descartado para não devassar a intimidade de ninguém".

Reação

A hipótese de destruição das mensagens levantada por Moro gerou reação de ministros do Supremo. O ministro Marco Aurélio Mello disse que órgão administrativo não poderia ordenar destruição de material. "Isso aí é prova de qualquer forma. Tem de marchar com muita cautela", disse na semana passada.

Dois outros ministros questionaram reservadamente também o fato de Moro ter acesso ao inquérito, quando apenas o juiz e o delegado deveriam ter conhecimento do conteúdo. Para eles, não era responsabilidade do ministro da Justiça entrar em contato com as autoridades que tiveram o telefone invadido.

Alvos

O jornal O Estado de S. Paulo informou nesta quinta-feira que o senador Cid Gomes (PDT-CE) também foi alvo de Walter Delgatti, apontado pela Polícia Federal como chefe do esquema dos hackers que tentou ou acessou centenas de mensagens trocadas pelo Telegram por autoridades, entre elas o presidente Jair Bolsonaro.

A reportagem apurou que o hacker detinha em seu poder os números de telefone de parte da cúpula do governo Bolsonaro - entre eles o do general Ramos, que acabou de ser nomeado ministro para Secretaria de Governo, e do vice-presidente Hamilton Mourão, além do general Augusto Heleno (GSI).

Acompanhe tudo sobre:HackersLuiz FuxOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas