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Futuro PGR, Aras vai ao Senado e fala em "Lava Jato positiva"

Aras disse que pretende fazer uma Lava Jato que não criminalize a política e afirmou que terá independência do Executivo

Augusto Aras: apontado como novo PGR pelo governo Bolsonaro ainda precisa passar por sabatina no Senado (Roberto Jayme/TSE/Divulgação)

Augusto Aras: apontado como novo PGR pelo governo Bolsonaro ainda precisa passar por sabatina no Senado (Roberto Jayme/TSE/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 20h46.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 20h56.

Nos gabinetes do Senado Federal, o indicado de Jair Bolsonaro para comandar a Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras, apresentou um discurso que foi bem recebido até por senadores da oposição, incluindo críticas aos métodos da Lava Jato. Aras pregou uma "Lava Jato positiva", sem criminalizar a política.

O périplo iniciado nesta segunda-feira (9) pelo subprocurador já contou com reuniões privadas com senadores, almoço com a bancada do MDB e uma reunião com os líderes da Casa, na tarde desta terça-feira (10).

As visões e planos que Aras expressa são de um Ministério Público Federal "moderno e clássico", com unidade nos posicionamentos, que ajude o desenvolvimento do país, sem cor ideológica, e que analise bem os efeitos econômicos antes de agir. Segundo senadores, o subprocurador disse que o formato da Lava Jato pode ter levado a prejuízos, não só para reputações, mas também para a economia.

Escolhido por um presidente que espera de um PGR alinhamento ao governo e colaboração para impedir entraves na área ambiental, Aras tem se esforçado para não ficar com a imagem de que aceitará degradação do meio ambiente. Tem dito que é importante conferir proteção e segurança ambiental.

 

Aras foi questionado sobre os protestos de integrantes do MPF à sua indicação, por não ter participado da eleição interna da categoria, e também sobre as afirmações do presidente Jair Bolsonaro de que queria um PGR alinhado ao governo.

Em resposta, ele desqualificou as queixas referentes à politicagem e garantiu que agirá com "independência absoluta" em relação ao Executivo.

"Se alguém pensa que vou dever gratidão, não vou. Vou fazer o trabalho que o MPF tem de fazer, um MPF moderno", disse Aras a líderes do Senado, nesta tarde. "Não vou aceitar imposição de quem quer que seja", acrescentou ele, segundo relato de um senador.

O indicado também foi questionado se não seria imoral continuar atuando como advogado, embora isso seja permitido pela Constituição Federal. Em resposta, disse que a atuação como advogado é normal para os procuradores indicados antes da Constituição Federal de 1988 e que, nas ações em que trabalhou, sempre agiu de acordo com o que a lei permitia. O senador que o questionou ficou satisfeito.

As conversas fazem parte do trabalho de convencimento para que seu nome seja aprovado na sabatina e na votação no Senado, que deve acontecer daqui a duas semanas. A data mais provável, no momento, é 25 de setembro, mas ainda não há confirmação.

Se uma das críticas do MPF é que falta clareza nos planos dele para a instituição, Augusto Aras optou por não responder às perguntas feitas pela imprensa reunida no Senado lhe fez após a reunião com os líderes. Disse que só falará na sabatina.

"Quero agradecer a todos vocês jornalistas pela cobertura da minha visita ao Senado. Quero comunicar a todos que as conversas tem sido muito proveitosas, mas neste momento estou com as minhas ideias e as minhas produções sendo observadas, decididas e apreciadas pelo Senado Federal. Aqui me encontro à espera da sabatina, e por estar sendo julgado pelo Senado Federal, respeitosamente não posso responder a perguntas como todos gostaríamos de responder, tendo em vista que somente ao Senado, na sabatina, caberão todas as respostas que os senhores pretendem. As perguntas que me fazem agora serão respondidas na sabatina. Não responderei aos senhores", disse.

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