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Futuro de Assad é obstáculo para acordo de paz na Síria

Líderes mundiais expressaram divergências em relação ao futuro do presidente que ameaçam aniquilar as probabilidades de acordo

Manifestantes pro-Assad durante uma passeata em frente ao local onde a conferência de paz para a Síria está acontecendo, em Montreux (Kinda Makieh/Reuters)

Manifestantes pro-Assad durante uma passeata em frente ao local onde a conferência de paz para a Síria está acontecendo, em Montreux (Kinda Makieh/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 17h36.

Montreux, Suíça - O exército e a oposição entraram em conflito nesta quarta-feira em diferentes partes da Síria ao mesmo tempo em que as negociações de paz com o objetivo de traçar um caminho para encerrar a guerra civil no país começaram com problemas. Reunidos em Montreux, na Suíça, líderes mundiais expressaram divergências em relação ao futuro do presidente Bashar Assad que ameaçam aniquilar as probabilidades de acordo antes mesmo de as discussões começarem.

A agência estatal de Notícias, SANA, afirmou que as forças do governo combateram "terroristas" em toda a Síria, incluindo na província de Idlib onde combates da oposição vindos da Chechênia, Egito, Bósnia e Iraque foram mortos. A SANA sempre se refere aos combatentes da oposição como "terroristas".

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, abriu a conferência de paz na Suíça dizendo que os desafios à frente são "colossais".

A disputa sobre o destino de Assad lançou dúvidas sobre o propósito de formar um governo de transição na Síria que possa dar prosseguimento a eleições democráticas no país dominado por lutas que já deixaram mais de 130 mil pessoas mortas e milhares de refugiados.

Em Montreux, parece quase impossível que os lideres cheguem a um acordo. Para começar, delegados de Assad e da Coalizão Nacional Síria, apoiada por países do ocidente, reivindicam o direito de falar pelo povo sírio.

Os EUA e a oposição síria abriram a conferência dizendo que Assad perdeu a legitimidade quando atacou o protesto do movimento pacifico contra seu regime.


A resposta síria foi firme e áspera. "Não haverá transferência e o presidente Bashar Assad permanecerá no poder", afirmou o ministro sírio da Informação Omran al-Zoubi, após os discursos do dia.

O ministro de Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, acusou os terroristas e seus aliados externos de destroçarem o país. O ministro excedeu seu tempo de discurso, foi alertado pelo secretário da ONU, mas se recusou a deixar o pódio apesar dos numerosos pedidos de Ban.

"O senhor vive em Nova York. Eu moro na Síria", disparou furiosamente al-Moallem se dirigindo a Ban. "Tenho o direito de apresentar a versão síria aqui neste fórum. Após três anos de sofrimento, este direito é meu."

A televisão estatal na Síria transmitiu todo o discurso de al-Moallem, mas interrompeu as transmissões para mostrar ataques da oposição no país durante o discurso do líder da Coalizão, Ahmad al-Jarba e do ministro de Relações Exteriores da Turquia, impedindo, assim, que a população síria ouvisse a versão da oposição.

Após discursos mordazes, os diplomatas passaram a tarde em reuniões bilaterais. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se encontrou pela segunda vez em 24 horas com a sua contraparte russa, Sergey Lavrov. Os dois juntos orquestraram o acordo recente no qual Assad desistiu de seu programa de armas químicas.

"As negociações entre as partes sírias não serão fáceis e rápidas", afirmou Lavrov em seu discurso. "A conferência não tem 100% de garantia, mas continua sendo uma chance real de garantir a paz." Fonte: Associated Press.

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