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Funcionários, terceirizados e municípios temem saída da Vale de MG

Trabalhadores temem que a mineradora vá para a região norte do país. O prefeito de Brumadinho disse que 60% da receita do município vem da Vale

Tragédia em Brumadinho: rompimento de barreira afunda a cidade em lama (Washington Alves/Reuters)

Tragédia em Brumadinho: rompimento de barreira afunda a cidade em lama (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 15h22.

Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 15h30.

Brumadinho - Funcionários da Vale ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) temem que a empresa não consiga obter novos licenciamentos de barragens, após o desastre em Brumadinho, em Minas Gerais.

Na mina Córrego do Feijão, nem empregados que estão em serviço na área do acidente ocorrido na sexta-feira, nem os que trabalhavam na operação se identificaram, mas todos apontam dúvidas sobre o destino de operações muito semelhantes às da Mina do Córrego do Feijão, cujo rompimento de uma barragem provocou uma tragédia que pode alcançar mais de 300 mortos.

Os trabalhadores receiam que haja uma concentração cada vez maior das atividades da companhia na região Norte do país, onde o território é menos povoado e o governo trabalha para liberar novas áreas para mineração, o que preocupa principalmente os terceirizados de menor qualificação.

O sistema Norte, formado por Carajás e S11D, já responde pela maior parte da produção da companhia, mas o minério de menor teor necessário para a estratégia de blindagem de minérios e para a ampliação das atividades de pelotização vem de Minas.

Uma eventual mudança teria reflexos econômicos para prefeituras e a população local. Na manhã desta segunda-feira, em entrevista no centro de operações, o prefeito de Brumadinho, conhecido como Neném, defendeu a atividade monetária. Segundo ele, mais de 60% da receita do município vem da mineradora.

Além de perder a arrecadação decorrente da Mina do Córrego do Feijão, Brumadinho tem outras operações minerárias em risco. Uma segunda mina da Vale no município tem conformação quase idêntica à que foi destruída no rompimento da barragem. Além disso, algumas empresas, que vinham trabalhando no beneficiamento de minério comprado, podem ter problemas para manter as atividades.

A chance de retomada das atividades da Mina do Córrego do Feijão é considerada nula por empregados e terceirizados da Vale ouvidos pela reportagem em Córrego do Feijão, localidade que cresceu com a Vale, quando a empresa assumiu a operação da Ferteco, mas que foi destruída no acidente de sexta-feira. A mina corresponde a cerca de 2% da produção da Vale.

Com o rompimento, da barragem, um vale de lama se formou sobre toda a operação. Embaixo, centenas de mortos, muitos deles a mais de 50 metros de profundidade. Acima mais duas barragens, inclusive uma de refugo de minério, uma montanha de tamanho equivalente ao das barragens.

A avaliação é que a empresa pode levar mais de uma década para recuperar a região. Embora o desastre ambiental tenha dimensões reduzidas, atingiu áreas de reserva florestal, como trechos do Parque Estadual do Rola Moça.

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