Brasil

Fui eleito para interferir mesmo, diz Bolsonaro sobre PF e Receita

"Se for para ser um banana, um poste, estou fora", disse o presidente da República, sobre mudanças que geraram reação na PF e o obrigaram a recuar

Jair Bolsonaro: presidente participou brevemente no período da manhã do Congresso Aço Brasil 2019 (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente participou brevemente no período da manhã do Congresso Aço Brasil 2019 (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 13h19.

Última atualização em 21 de agosto de 2019 às 13h48.

São Paulo — O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira (21), ser um mandatário que pode "interferir mesmo" em alguns órgãos federais se for preciso.

O presidente participou brevemente no período da manhã do Congresso Aço Brasil 2019, realizado em Brasília. Aos empresários, disse acreditar no Brasil e afirmou estar confiante de que a economia está dando sinais de recuperação.

Em uma fala contraditória, Bolsonaro afirmou primeiro não ter interferido em órgãos como a Polícia Federal e a Receita, mas logo em seguida disse ser presidente "para interferir mesmo se é isso que vocês querem".

"Se for para ser um banana, um poste, estou fora", disse o presidente da República. O presidente afirmou ainda que o Estado brasileiro está "todo aparelhado, enfrentando muita coisa errada".

Para exemplificar que não tem interferido, Bolsonaro afirmou que fez uma sugestão no episódio da troca de comando na superintendência da Polícia Federal no Rio.

Na semana passada, ele disse que Ricardo Saadi, titular do cargo, seria substituído pelo chefe da PF no Amazonas, Alexandre Silva Saraiva, por motivos de "produtividade".

No mesmo dia, a corporação reagiu e sinalizou que Saadi não estava saindo por esse motivo e que não aceitaria uma indicação "de cima para baixo".

Horas depois, Bolsonaro foi obrigado a baixar o tom e aceitar a indicação do superintendente de Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa.

O recuo de Bolsonaro atendeu a um pedido de Moro. No final, o presidente conseguiu o que queria — tirar Saadi — e Moro ficou bem com a corporação. Mas a interferência preocupa parte dos delegados.

Em entrevista no fim de semana, Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal em São Paulo e também diretora da Associação Nacional dos Delegados da PF, classificou a ingerência política como "perigosíssima” e disse que esse tipo de situação “nunca ocorreu” de forma tão explícita.. 

“A interferência coloca o órgão totalmente à disposição do governante, que passa a se sentir a vontade para usá-la conforme seus interesses. A Polícia Federal não é um órgão que fica à disposição da agenda de interesses do governante do momento”, disse.

Meio ambiente

Bolsonaro repetiu aos empresários a sua avaliação de que as queimadas na região Norte do País podem estar sendo potencializadas pelas Organizações Não Governamentais que perderam dinheiro, mas não nomeou as organizações nem apresentou qualquer dado concreto.

Mais cedo, ele afirmou a jornalistas que as ONGs que recebiam recursos do exterior podem estar por trás do aumento dessas queimadas na floresta amazônica. De acordo com ele, o objetivo seria fazer uma "campanha" contra o governo federal.

"Do dinheiro que vinha para o Fundo Amazônia, 40% ia direto para ONGs. Cortamos essa grana deles. A Alemanha não vai querer comprar à prestação essa área mais rica do mundo. O que eles querem é nossa riqueza e nossa soberania", disse.

O presidente também afirmou aos empresários que o governo quer investir mais em pesquisas para o setor, mas ressaltou que falta dinheiro para isso. "Não posso desrespeitar a lei de responsabilidade fiscal, não posso pedalar", disse.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroMeio ambientePolícia Federalreceita-federal

Mais de Brasil

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização