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Fóruns distintos discutem questões semelhantes

A partir de hoje, os participantes do Fórum Econômico Mundial, em Davos, e do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, debatem soluções opostas para o mesmo problema: tornar o mundo mais justo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h50.

A partir desta quarta-feira (26/1), os mais ferrenhos defensores e opositores do capitalismo marcarão suas posições em dois eventos distintos: o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. O único ponto que une os dois eventos é o seu propósito: tornar o mundo mais justo. As afinidades, porém, param por aí. Em Davos, a palavra de ordem é pragmatismo, segundo o presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab. "Mais uma vez, estamos numa encruzilhada. Esta não é a hora de exuberâncias irracionais, mas de um otimismo pragmático", afirma.

O pragmatismo é necessário, de acordo com Schwab, para que governos e empresas possam trabalhar em conjunto para alcançar seus objetivos, ainda que lidando com condições que não sejam as ideais. "A questão central é como e quanto queremos assumir a responsabilidade de mover a agenda mundial na direção de interesses maiores, como o desenvolvimento global", diz.

O desafio será debatido por algumas das principais vozes do pensamento político, empresarial e econômico do planeta. Até o dia 30 de janeiro, quando termina o evento, cerca de 2 250 pessoas de 96 países deverão passar por Davos. A conta inclui 20 chefes de Estado, entre eles o presidente Lula, 70 ministros de várias nações, como os brasileiros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), e também 26 líderes religiosos, 15 lideranças sindicais, além de 50 organizações não-governamentais.

Entre os esperados, estão José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, Gerhard Schröder, chanceler da Alemanha, o recém-empossado presidente da Ucrânia, Victor Yushenko. Apesar das autoridades presentes, o fórum de Davos pode ter um importante desfalque: George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, ainda não consta na lista de confirmados.

Sinais ambíguos

Assim como no agronegócio, onde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva hesita entre o apoio aos grandes empreendimentos agrícolas e as pressões do Movimento dos Sem-Terra, também a divisão interna da equipe se expressará na presença de representantes tanto em Davos, quanto em Porto Alegre.


Para a Suíça, viajarão os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Furlan participará de um debate sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e de diversos encontros agendados com autoridades políticas e empresários. Já os membros da equipe econômica mostrarão a evolução da economia brasileira a potenciais investidores.

Lula participará dos dois eventos. Em Davos, o presidente falará a uma platéia de executivos de importantes multinacionais, no sábado (29/1), durante o evento organizado pelo governo brasileiro "Brazil and Partners: investment opportunities".

Em Porto Alegre

Antes disso, Lula passará pelo Fórum Social Mundial. Nesta quinta-feira (27/1), o presidente participará do lançamento da Chamada Global para a Ação contra a Pobreza, um movimento que pretende mobilizar governos e entidades civis para o combate à miséria em todo o mundo. A passagem de Lula pela cidade não deve ser tranqüila. Diversas organizações não-governamentais preparam uma manifestação contra a política econômica brasileira, taxada de "neoliberal".

"Não dá para servir a dois senhores ao mesmo tempo. Lula traiu todos os princípios que norteiam o fórum social", afirma o deputado federal João Batista Oliveira de Araújo, o Babá. O parlamentar e seus colegas expulsos do Partido dos Trabalhadores (PT) estão entre os organizadores do protesto, ajudados ainda por entidades historicamente ligadas ao petismo, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A capital gaúcha deve receber mais de 100 000 pessoas até o dia 31 de janeiro, quando termina o fórum. Desta vez, a organização central do evento deixou a cargo das entidades participantes a elaboração da programação. Estão previstas mais de 2 000 atividades nos próximos dias, como o lançamento da aliança social continental, um movimento que pretende defender a democracia nas Américas e combater o presidente americano, George W. Bush.

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