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Força de Dilma vem de quem deixou a pobreza

Segundo números do governo, 22 milhões de pessoas emergiram da extrema pobreza durante os três anos de mandato da presidente

Homem passa por uma parede com uma série de anúncios de serviços no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

Homem passa por uma parede com uma série de anúncios de serviços no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2014 às 15h27.

Brasília - Eike Batista, antes o homem mais rico do Brasil, está vendo seu império desmoronar. A queda de 16 por cento da Bolsa de Valores de São Paulo em 2013 foi a segunda pior do mundo no ano. Enquanto isso, Luzia Souza está se saindo melhor que nunca no estado mais pobre do país.

Mãe de dois filhos, de 29 anos de idade, Luzia é uma das 22 milhões de pessoas que emergiram da extrema pobreza durante os três anos de mandato da presidente Dilma Rousseff, segundo números do governo. Ela se mudou de um barraco que sempre se inundava com a alta dos rios e estava rodeado por esgoto a céu aberto para uma casa com água corrente na periferia de Teresina, capital do estado nordestino do Piauí, por meio de um programa financiado pelo governo e pelo Banco Mundial.

Luzia Souza é o tipo de eleitor que pode ajudar Dilma a conseguir se reeleger neste ano, embora, em seu mandato, a expansão da economia tenha representado metade do ritmo registrado no governo anterior e a inflação tenha excedido a meta oficial de 4,5 por cento. Enquanto os investidores focam em taxas de juros crescentes e na piora das contas fiscais, que elevaram a preocupação de um rebaixamento da nota de crédito, ao expandir os programas sociais para os pobres Dilma garantiu o apoio em sua base política.

“Tudo está ficando mais caro, mas certamente eu estou melhor que há dois ou três anos”, disse Luzia, que recebe R$ 134 (US$ 56) ao mês em ajuda em dinheiro e no ano passado tomou um empréstimo federal subsidiado de R$ 2.500 para abrir uma loja de roupas. “A menos que um candidato novo e muito melhor apareça, eu vou votar na Dilma de novo”.

Neste ano, Dilma espera cumprir a promessa de sua campanha presidencial de 2010 de erradicar a pobreza extrema, definida pelo Ministério do Desenvolvimento Social como a situação de uma pessoa com renda inferior a R$ 70 por mês e pelo Banco Mundial com uma renda de US$ 1,25 por dia ou menos.

A taxa de aprovação de Dilma é de 52 por cento entre aqueles que ganham menos de R$ 1.356 por mês e zero entre aqueles com renda de mais de R$ 33.900 por mês, segundo uma pesquisa do Datafolha realizada em 28 e 29 de novembro. Se os números se mantiverem assim, na eleição presidencial de outubro Dilma receberia 42 por cento dos votos contra 26 por cento de sua rival mais próxima, a ex-Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mostrou a pesquisa. A consulta teve uma margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.


Fim da pobreza

Em março, Dilma ampliou o Bolsa Família para que cada família registrada receba pelo menos R$ 70 por pessoa por mês. Até este início de 2014, o governo espera incluir no programa as últimas 700.000 famílias, ou cerca de 2,2 milhões de pessoas, com uma renda abaixo desse número, disse Tiago Falcão Silva, que chefia o programa para erradicação da pobreza extrema do Ministério do Desenvolvimento Social.

“Nós criamos mecanismos para eliminar a pobreza extrema de um ponto de vista monetário”, disse Silva, em entrevista. “Outras tarefas, muitas vezes mais desafiadoras, continuam pendentes: não se pode dar saúde ou educação com um cartão de débito”.

A consulta do governo à população em 2012 mostrou níveis de pobreza extrema mais altos que os do banco de dados do Bolsa Família -- 3,6 por cento da população do Brasil, de 200 milhões de habitantes, ou 7,2 milhões de pessoas -- em parte porque os dados são baseados em pesquisa e alguns entrevistados subestimam a renda não incluída nos registros oficiais. O governo acredita que a pesquisa de 2013 mostrará a pobreza extrema abaixo de 3 por cento, um nível que o Banco Mundial considera equivalente à erradicação.

Certamente, as exigências burocráticas mostram que mesmo a ajuda básica do governo nem sempre chega aos mais necessitados.

Carlos Alberto do Santo mora com a esposa e quatro filhos em uma casa de sapé de três por quatro metros, com uma única cama e uma latrina ao ar livre protegida por uma lona preta de plástico.

Várias tentativas de se inscrever no Bolsa Família para complementar a renda ocasional que ele ganha carregando caminhões fracassaram devido a problemas com a carteira de identidade da esposa, disse Santo.

Mesmo assim, ele continua otimista de que o programa de proteção social de Dilma um dia chegará até ele.

“Eu só gostaria de sair desse lugar”, disse Santo, com as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto cavava uma trincheira para desviar a água da chuva para uma lagoa cheia de lixo. “Se Deus quiser, a Dilma ficará mais quatro anos e nós também teremos uma casa nossa”.

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