Brasil

Focado em combater corrupção, Moro não define meta para reduzir homicídios

Em seu primeiro discurso, o ministro da Justiça não mencionou propostas para diminuir o número de mortes no Brasil — que bateu recorde em 2017

Mor: em 2017, o país registrou o recorde histórico de 63.880 homicídios (Adriano Machado/Reuters)

Mor: em 2017, o país registrou o recorde histórico de 63.880 homicídios (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 12h59.

Última atualização em 3 de janeiro de 2019 às 13h04.

São Paulo - O ministro Sérgio Moro não estipulou metas para redução de homicídios em seu primeiro discurso. E, apesar de ter dedicado um "cumprimento especial" para o antecessor Raul Jungmann, o novo ministro não mencionou o que fará com o Plano Nacional de Segurança elaborado por Jungmann e aprovado por Temer no dia 26 de dezembro.

No documento, é definida a meta de redução anual de 3,5% dos homicídios. Mas Moro não indicou se chancelará o objetivo. Também não mencionou o Sistema Único de Segurança Pública, criado em junho. Em 2017, o Brasil.

"Algumas ausências no discurso causam preocupação. O Susp não aparece e ele não fala o que fará com o plano nacional recém-aprovado. O desafio é convencer os Estados a seguir sua política. E sem plano, isso fica mais difícil", disse a ex-diretora da Secretaria Nacional de Segurança Isabel Figueiredo.

A inclusão dos dados de todos os criminosos condenados no Banco Nacional de Perfis Genéticos já apareceu em dois planos de segurança, de Dilma e de Temer, mas não foi posto em prática. "Essas ideias precisam se transformar em uma coisa mais concreta", disse Isabel.

Nas últimas entrevistas do ministro da Justiça, as propostas mais amadurecidas envolvem o combate à corrupção e ao crime organizado.

Segundo afirmou Moro nesta quarta-feira (2), ele vai apresentar ao Congresso Nacional em fevereiro um projeto de lei anticrime, com o objetivo de atacar a grande corrupção, uma das missões dadas a ele pelo presidente Jair Bolsonaro, na qual constará entre outras alterações taxativamente a prisão após condenação em segunda instância.

Além disso, o projeto trará regras mais rígidas para a progressão de regime de cumprimento de pena.

“Um dos objetivos prioritários será apresentar um projeto de lei anticrime já no início da próxima Legislatura e lutar para convencer, com respeito e toda a abertura ao diálogo, os parlamentares”, disse Moro em discurso na cerimônia de transmissão de cargo.

Outro ponto que já foi alvo de governos anteriores é o combate aos entraves para uso de verbas do Fundo Penitenciário.

"Não faltaram medidas no sentido de destravar projetos de obras. O que se exige é a transparência e a legalidade previstas para todas as obras públicas. Há dinheiro", disse a coordenadora do Laboratório de Gestão de Políticas Penais da Universidade de Brasília, Valdirene Daufemback.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

Acompanhe tudo sobre:AssassinatosHomicídiosMortesSergio Moro

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP