Brasil

Flanelinha cobra R$ 150 por estacionamento em via de SP

Em algumas ruas próximas à Avenida Faria Lima, no Jardim Europa, zona sul, até mesmo deixar o carro na rua tem saído caro


	Estacionamento: pacote mensal em estacionamento regularizado na mesma área sai em torno de R$ 500
 (Getty Images)

Estacionamento: pacote mensal em estacionamento regularizado na mesma área sai em torno de R$ 500 (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 16h00.

São Paulo - Problema frequente na rotina de motoristas, encontrar um lugar para estacionar o carro sem pagar uma fortuna não é das tarefas mais fáceis em São Paulo.

Em algumas ruas próximas à Avenida Faria Lima, no Jardim Europa, zona sul, até mesmo deixar o carro na rua tem saído caro.

A região é um dos principais centros financeiros da capital paulista.

Nas ruas ao redor da Praça Buritama, próximas ao Shopping Iguatemi, um grupo de flanelinhas tomou conta das vias públicas e cobra R$ 150 por mês aos interessados em estacionar por ali.

O pacote mensal em um estacionamento regularizado na mesma área sai em torno de R$ 500.

O "dono da rua" na região e comandante do grupo de "manobristas" é Reginaldo, um homem de estatura média, pardo.

Ele tem cerca de 40 anos, cabelo grisalho e usa óculos. Abordado pela reportagem na manhã da terça-feira, 4, Reginaldo não quis falar sobre o seu negócio. Disse apenas que "não havia mais vagas".

Um dos "manobristas", o filho de Reginaldo, porém, explica que a mensalidade deve ser paga adiantada e que o motorista precisa deixar a chave do carro.

Segundo ele, como as ruas estão dentro da área de Zona Azul, o grupo desloca os carros para diferentes vagas na própria Praça e nas Ruas Antônio José da Silva e Salvador Mendonça, evitando que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) faça autuações.

Quando não há como deslocar o carro para outra vaga, recorrem aos cartões da Zona Azul.

Para coibir que pessoas de fora do esquema se aproveitem das vagas nas vias, o grupo utiliza cones e cavaletes de campanha política para bloquear os espaços.

Violência

Testemunhas que trabalham na região e preferiram não se identificar afirmam que o grupo age com violência para intimidar quem para nas vagas sem pagar.

Carros riscados e vidros quebrados fazem parte do repertório, segundo as testemunhas.

Mesmo quem paga em dia não tem garantias e pode ter percalços com o "serviço" oferecido por Reginaldo.

Uma das mensalistas conta que já precisou deixar o carro na rua e voltar de carona porque a chave do seu carro havia se perdido.

As testemunhas afirmam que denunciaram às autoridades a ação do grupo, mas nada mudou.

Em nota, a CET respondeu que a atividade dos flanelinhas não configura uma infração de trânsito, por isso nada pode fazer além de repassar os relatos para a polícia.

Quanto aos cavaletes e cones bloqueando vagas, o órgão afirma que seus agentes têm a orientação de retirá-los quando encontram.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma que aumentou o policiamento em ruas da região em que houve denúncias de atuação abusiva de flanelinhas e que "se as vítimas tivessem comparecido à delegacia, teria sido possível, dependendo do caso, o registro do crime de extorsão".

Pedir dinheiro para "cuidar" de um veículo não é considerado contravenção segundo decisão do Supremo Tribunal Federal de março de 2013, uma vez que fica a critério do motorista a decisão de pagar ou não.

Porém, há casos que podem ser enquadrados no Artigo 158 do Código Penal, cujo texto diz que "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa" caracteriza crime de extorsão, que deve ser punido com multa e reclusão de quatro a dez anos.

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaCarrosEstacionamentosIrregularidadesPreçosVeículos

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP