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Flagrados com 15 mil testes vão à prisão por tempo indeterminado

Carga de testes de coronavírus foi roubada de uma importadora, no Aeroporto de Guarulhos; itens eram negociados por R$ 3 milhões

Teste rápido de coronavírus: 15 mil testes eram negociados pelos criminosos (Wolfgang Rattay/Reuters)

Teste rápido de coronavírus: 15 mil testes eram negociados pelos criminosos (Wolfgang Rattay/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2020 às 07h29.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 07h30.

A juíza de plantão Érika Fernandes Fortes impôs prisão preventiva - por tempo indeterminado - dos 14 flagrados com 15 mil testes de coronavírus, além de quase 2 milhões de equipamentos de prevenção, em operação da Polícia Civil de São Paulo.

Eles negociavam todos os itens por R$ 3 milhões de reais. Disfarçado de empresário, um delegado foi responsável pelas tratativas que atraíram os investigados para a ação policial.

A magistrada afirma levar em consideração a "audácia dos agentes seja pela notícia de que não interromperiam a atividade criminosa, haja vista informações constantes nos autos de que estariam planejando outra ação semelhante, seja pelo fato de os indiciados praticarem a presente conduta em pleno estado de pandemia pela qual passa o mundo, em que todos os esforços têm sido feitos para combater sua disseminação, inclusive com falta de itens de prevenção".

"Compete ao Poder Judiciário, ademais, garantir a ordem pública, que é atingida diretamente quando fatos como este, de grande repercussão, vêm à tona. Ademais, entre os indiciados estão alguns estrangeiros (chineses), sendo temerária a soltura antes de verificar a real situação em que se encontram no país”, anotou.

Um dos presos, Marcos Zheng, é o proprietário do imóvel onde a carga roubada de uma importadora, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, foi encontrada. Ele é apontado como líder da quadrilha pelos investigadores.

Segundo a magistrada, Zheng estava "acompanhado de seus seguranças pessoais armados e dadas as circunstâncias acima elencadas, sua efetiva participação na empreitada ainda há de ser melhor investigada".

"Todavia, tratando-se de pessoa que possui informações privilegiadas, especialmente frente ao seu contato direto com alto escalão do governo estadual e empresas chinesas responsáveis pela negociação dos testes para exame do Covid 19, entendo que sua custódia neste momento é necessária."

Segundo a magistrada, Zheng "é responsável por diversas negociações e intermediações de negócios entre a Secretaria Estadual de São Paulo, Governo Estadual, e a China, incluindo a conexão entre São Paulo e empresas de Wuhan, cidade chinesa onde o coronavírus teve início".

Também estavam no local e foram presos empresários do ramo de equipamentos hospitalares e todos mencionaram que estavam ali exatamente para negociarem com o sr. Fu mercadorias para o combate ao coronavírus, produtos estes que, segundo eles mesmos, "estão valendo mais que ouro", anota a juíza, ao se referir a Fu Zhihong.

Os presos são Zheng Xiao Yun, Paulo Sérgio Perniciotti, Lanfen Zong, Antonio Ricardo dos Santos Lima, João Rodolfo Rodrigues da Silveira, Kawe Mycon Brito dos Santos, Cleber Marcelino da Silva Marcelo Martins da Silva, Hilmar Jose Duppre Junior, Alex Liberato dos Santos, Dagoberto da Silva Tomo, Fu Zhihong, Wu Hang e Zhang Ruifeng.

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