Dinheiro: o auditor falou que o grupo recebia até R$ 70 mil por semana (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 13h37.
São Paulo - Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, o auditor Luiz Alexandre Cardoso de Magalhães, delator da máfia que fraudava milhões de impostos da Prefeitura de São Paulo, contou ontem, 24, que gastava parte do dinheiro desviado dos cofres públicos com noitadas e garotas de programa.
"Gastava de R$ 8 mil a R$ 10 mil por noite", disse o auditor, que alugava um jato particular por R$ 6 mil para ir a Angra dos Reis, com garotas de programa, a cada 15 dias.
"Cada um (da quadrilha) tinha sua compulsão. A minha era sexo", disse Magalhães, na primeira entrevista concedida por um dos suspeitos de integrar o grupo que atuava nas fraudes - pelo menos R$ 500 milhões do Imposto Sobre Serviços (ISS) foram perdidos pelos cofres municipais, segundo o Ministério Público Estadual.
Magalhães afirmou que chegava nas boates paulistanas de garotas de programa às 16 horas e só saía às 6 horas para ir trabalhar. "Não tenho como bater na casa das moças e pedir o dinheiro de volta", respondeu o auditor, ao ser questionado se gostaria de poder devolver o dinheiro desviado da Prefeitura.
Empresas e políticos
Ele também reafirmou que as empresas envolvidas no esquema conheciam a fraude e sabiam até quem seria o subsecretário de finanças, antes mesmo que o nome fosse anunciado pela Prefeitura. "Quem queria participar já procurava a gente. A construção civil sabia quem ia ser o chefe do setor antes mesmo de ser nomeado", revelou Magalhães.
"Tinha obra que devia muito. Então, eles sugeriam, eles já sabiam como funcionava, já sugeriam participar daquela situação", acrescentou Magalhães. O auditor disse que as construtoras pagavam apenas a metade do que deviam aos cofres públicos. Dessa metade, só uma pequena parte era recolhida como imposto, já que o grupo dividia o resto como propina.
Ele também voltou a dizer que o grupo era encabeçado pelo ex-subsecretário da Receita, Ronilson Bezerra Rodrigues. O auditor falou que o grupo recebia até R$ 70 mil por semana. "Eram 70 (mil reais). Às vezes, eram 30 (mil reais). Às vezes, 40 (mil reais)." Magalhães, porém, disse desconhecer repasses para políticos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.