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Figueiredo sugere adiar discussão sobre nova meta fiscal

O deputado pregou que a votação seja adiada em virtude da instabilidade política causada pelo vazamento da conversa do ministro Romero Jucá


	Romero Jucá: o deputado disse que a denúncia não envolve "qualquer ministro" e sim o do Planejamento
 (Adriano Machado / Reuters)

Romero Jucá: o deputado disse que a denúncia não envolve "qualquer ministro" e sim o do Planejamento (Adriano Machado / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 17h38.

Brasília - O vice-presidente do PDT, deputado André Figueiredo (CE), disse nesta segunda-feira, 23, que a denúncia envolvendo o ministro do Planejamento, Romero Jucá, pode interferir na votação da nova meta fiscal, prevista para acontecer amanhã no Congresso.

Ex-ministro das Comunicações da presidente afastada Dilma Rousseff, o deputado pregou que a votação seja adiada em virtude da instabilidade política causada pelo vazamento de uma conversa do ministro com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

"Quem está envolvido justamente nesse processo é o ministro do Planejamento. E realmente é uma incógnita (a aprovação da meta fiscal). O mínimo que poderia se requerer era o adiamento dessa discussão para que nós pudéssemos clarear todo esse processo", defendeu Figueiredo.

O deputado disse que a denúncia não envolve "qualquer ministro" e sim o do Planejamento.

"Não sabemos à noite se o ministro será o mesmo. E vamos discutir uma matéria dessa importância, com essa nebulosidade na área que vamos tratar? É algo bem complicado", ponderou.

O pedetista disse que apesar do governo interino ter uma maioria confortável no Congresso, ainda é difícil dizer se a proposta do governo estará comprometida com a denúncia.

O PDT, disse Figueiredo, será oposição "qualificada" ao governo Temer e que o partido quer se aprofundar nos números apresentados pela equipe econômica da administração do PMDB.

"Queremos ir a fundo dentro dessa avaliação desse déficit estratosférico de R$ 170 bilhões", declarou.

Figueiredo comentou que não se surpreendeu com o teor da gravação entre Jucá e Machado. Segundo Figueiredo, o cenário político evidenciado no diálogo mostra a intenção de derrubar o governo petista e isso, disse o deputado, iria aparecer "mais cedo ou mais tarde".

"Só não sabíamos que era tão cedo", comentou.

O parlamentar é um dos defensores da tese da realização de novas eleições por considerar que se Dilma voltar ao cargo, o Congresso será majoritariamente opositor, o que mantém o País numa situação difícil.

"Eu nunca tive dúvidas de que o governo Temer, da forma como foi gerado, da forma como foi composto, é um governo que vai trazer um aprofundamento da crise que presenciamos", comentou o deputado, se referindo aos poucos dias de governo e aos problemas que surgiram desde então.

O PDT, explicou Figueiredo, será contra o que chama de "desmanche" do governo federal, contra a reforma da Previdência que afete direitos de trabalhadores que já estão na ativa e contra o modelo econômico semelhante ao "rentismo" do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Ele também condenou as idas e vindas na formação dos ministérios e a reformulação administrativa, base esta de uma ação no Supremo Tribunal Federal.

Cassação

O pedetista defendeu que seja feita uma analogia com o caso do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e que seja aberto um processo de cassação do ministro do Planejamento e senador licenciado.

"São fatos muito semelhantes. Então serão dois pesos e duas medidas? Literalmente ele tentou travar as investigações, inclusive sinalizando aí algumas ações que beneficiam outros políticos de renome. São gravações que mostram um teor muito sério das conversas", declarou.

Mais cedo, o PDT anunciou que entrará com processo disciplinar contra Jucá no Conselho de Ética do Senado pedindo a cassação do mandato.

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