Contêineres no porto de Santos: a competição dos importados não vai parar tão cedo (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2011 às 16h03.
São Paulo - O Coeficiente de Importação (CI) da indústria brasileira atingiu em 2010 o índice de 21,8%, o maior patamar desde 2003, quando o indicador começou a ser calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O valor representa o total de importações em relação ao consumo aparente da indústria nacional. Já o Coeficiente de Exportação (CE) da indústria brasileira, que corresponde ao total de exportações em relação à produção nacional, ficou em 18,9% no ano passado. Em 2009, o Coeficiente de Importação ficou em 18,3% e o Coeficiente de Exportação, em 18,0%. Os indicadores foram divulgados hoje pela Fiesp.
De acordo com o diretor do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, embora a economia brasileira tenha registrado forte crescimento de demanda no ano passado, praticamente a metade dessa expansão ocorreu a partir de produtos importados (46,8%). Segundo ele, isso ocorreu principalmente devido à valorização cambial. A taxa de câmbio, de acordo com a Fiesp, estava em R$ 2,39 em janeiro de 2009 e recuou para R$ 1,67 em janeiro deste ano. Ou seja, o diretor apontou para a tendência declinante da taxa de câmbio.
No ano passado, as exportações de produtos manufaturados atingiram US$ 79,6 bilhões e as importações dos mesmos produtos, US$ 150,7 bilhões, o que gerou um déficit comercial de US$ 71 bilhões. Para este ano, Giannetti da Fonseca prevê que as exportações cresçam entre zero e 5% e as importações aumentem 15%. "O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve crescer 4,5% neste ano. Como as importações tem crescido entre o dobro e o triplo do PIB a cada ano, elas devem aumentar 15%", explicou.
Dos 33 setores nos quais a Fiesp divide a indústria nacional para a pesquisa, apenas 13 registraram crescimento no Coeficiente de Exportação em 2010 em relação ao ano anterior: indústrias extrativas; alimentos e bebidas; couro e seus artefatos; celulose e papel; outros equipamentos de transportes; automóveis, caminhões e ônibus; aeronaves, peças e acessórios para veículos automotores; máquinas e equipamentos para extração mineral e construção; produtos farmacêuticos; perfumaria, higiene e produtos de limpeza; produtos diversos; produtos de minerais não metálicos e artigos de borracha e plástico.
Já em relação ao Coeficiente de Importação, houve crescimento em 30 dos 33 setores no ano passado em comparação a 2009. Apenas três setores registraram queda: produtos de madeira; calçados e máquinas e equipamentos para extração mineral e construção.
Giannetti da Fonseca destacou o forte crescimento das importações no setor de siderurgia. Em 2009, o Coeficiente de Importação desse setor era de 9,3%. No ano passado, subiu para 16,9%. Outro destaque negativo foi o de máquinas e equipamentos, cujo Coeficiente de Importação aumentou de 42,7% em 2009 para 47 2% no ano passado. O principal setor responsável pelo crescimento de Coeficiente de Exportação da indústria nacional foi o de indústrias extrativas, cujo coeficiente subiu de 67,4% em 2009 para 75,3% no ano passado.