Fachada do Templo de Salomão, construído pela Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 22h04.
São Paulo - Não importava a religião. A "selfie" com o Templo de Salomão ao fundo era a meta de católicos, evangélicos, curiosos e comerciantes da região do Brás, no centro de São Paulo.
Mas nem todo mundo conseguiu fazer a foto desejada da inauguração nesta quinta-feira, 31.
Um paredão com centenas de fiéis da Universal, todos de mãos dadas e camisetas brancas com a estampa do templo em dourado, controlava o acesso de pedestres e de carros nas ruas no entorno.
Como revelou nesta quarta-feira o portal estadão.com.br, o maior templo do País, quatro vezes maior que a Basílica de Aparecida, só foi aberto graças a um alvará de evento emitido pela Prefeitura de São Paulo no dia 19.
As outras licenças que o prédio deveria ter, como as aprovações do projeto modificativo de alvará de reforma e o relatório do impacto de vizinhança, continuam sob análise na Secretaria Municipal de Licenciamentos.
O Templo de Salomão foi construído com base em um alvará de reforma concedido no dia 22 de outubro de 2008.
Na época, o setor de aprovações era comandado pelo ex-diretor Hussein Aref Saab, posteriormente alvo de uma série de denúncias de irregularidades.
Nesta quinta, fiéis foram escalados para "deixar a chegada das autoridades mais bonita", segundo relatos deles próprios.
Todos ficavam bem encostados na guia da Avenida Celso Garcia e de ruas transversais, impedindo a visão de milhares de curiosos que tentavam fazer uma foto do templo ou ver famosos chegando para a cerimônia.
O objetivo era deixar a rua livre para a chegada dos convidados ilustres, muitos deles em carros oficiais ou deixados por motoristas particulares bem na entrada da igreja. O trânsito ficou caótico em toda a região da igreja por quase quatro horas, das 16 às 20 horas.
Agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também ficaram indignados com o controle que os integrantes da igreja tentavam fazer das pessoas e dos carros.
Mesmo diante da reclamação de pedestres, de jornalistas, dos agentes da CET e até de soldados da Polícia Militar, os fiéis permaneciam mudos e de mãos dadas, cumprindo a função de bloquear o trânsito de não convidados nos arredores.
"Eu controlo o trânsito, sim", respondeu à reportagem um fiel que impedia funcionários que saíam do trabalho de atravessar a faixa de pedestre da Avenida Celso Garcia, mesmo com o sinal verde para a travessia.
"Nós estamos trabalhando para Deus, não é para a igreja", respondeu outra senhora, com camiseta do templo, que não deixava os carros passarem na Rua João Monteiro, na lateral do megatemplo.