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FHC: 'privatização não é uma questão ideológica'

Para o ex-presidente, o modelo adotado por Dilma é o mesmo que sua gestão adotou anos atrás

No vídeo, Fernando Henrique ressaltou que a privatização dos aeroportos na atual gestão petista ajuda a "desmistificar" o que classificou de "demônio privatista" (Antônio Cruz/Agência Brasil)

No vídeo, Fernando Henrique ressaltou que a privatização dos aeroportos na atual gestão petista ajuda a "desmistificar" o que classificou de "demônio privatista" (Antônio Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2012 às 17h50.

São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ressaltou hoje que não se pode tratar as privatizações realizadas pelo governo federal como uma "questão ideológica". Em vídeo, divulgado pelo site Observador Político, FHC comenta os leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília e diz que o modelo adotado não poderia ser diferente, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos de pensão.

O modelo adotado pelo governo Dilma Rousseff, aliás, é o mesmo que sua administração adotou há alguns anos, na privatização da Vale do Rio Doce e das telefônicas, motivo de crítica dos petistas em sucessivas campanhas eleitorais. "A privatização não é uma questão ideológica, é uma questão que depende das circunstâncias, como aumentar a capacidade de gerenciar, aumentar a oferta de serviço. É uma questão de responsabilidade maior para com o País", frisou o ex-presidente.

No vídeo, Fernando Henrique ressaltou que a privatização dos aeroportos na atual gestão petista ajuda a "desmistificar" o que classificou de "demônio privatista", numa clara referência ao mote utilizado pelo PT para criticar o PSDB nas campanhas presidenciais. "Tudo isso são fantasmas que estão desaparecendo, porque o Brasil está mais maduro". Ao citar a presidente Dilma e dizer que a privatização ajuda na eficiência e na oferta do serviço público, ele argumentou: "Hoje há uma estrutura de Estado competente para entender o mundo moderno e fazer com que o governo federal tenha um mecanismo eficiente de lidar com o setor privado", afirmou.

Na defesa que fez da participação do BNDES e dos fundos de pensão neste processo, o ex-presidente lembrou que foi alvo de críticas. "Quantas críticas que eu ouvi porque o BNDES participava das privatizações. Ele continua participando e tem de participar para financiar." Com relação aos fundos de pensão, o tucano disse: "Os fundos de pensão são para isso, são para investir, e agora que a taxa de juros tem caído, vai ter de investir mais, não tem nada de negativo nisso, o importante é ser transparente".

Os leilões dos aeroportos, realizados na última segunda-feira, foi mote para as críticas de lideranças tucanas, que saíram em defesa da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e miraram o PT, pelos ataques que os petistas fizeram ao modelo adotado pelo PSDB. O ex-governador de São Paulo José Serra ressaltou que a privatização dos aeroportos foi "satanizada" pelo PT durante a campanha presidencial de 2010 e ironizou o que considerou uma mudança de discurso do partido. "Sem explicar porque mudou tanto de ideia, o governo do PT deu uma volta de 180º e começou a concessão de aeroportos", escreveu, na rede de microblogs Twitter. "Vocês podem imaginar o escândalo que o PT faria com uma privatização dessas nos aeroportos se não fosse ele o autor?", acrescentou.

O ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo Xico Graziano publicou texto, também no site Observador Político, no qual avalia que a privatização dos aeroportos "encerra uma farsa política". "Ainda que o debate da privatização tenha, pode-se entender, nascido a partir de uma posição ideológica do PT, com o tempo ele se transformou em uma notável malandragem política utilizada com maestria pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou. "Em decorrência, PT e PSDB se digladiavam sem nem direito saber o motivo", acrescentou. O tucano cobrou ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicione sobre o assunto e reconheça que "FHC venceu esse debate". "Ou melhor, deixa quieto. A história fará justiça", concluiu.

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