FHC: "O risco do Brasil não são as manifestações. O risco é de os que tomam decisões ficarem com medo de afirmar os seus valores" (Andrew Burton/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de março de 2020 às 13h53.
Última atualização em 7 de março de 2020 às 13h54.
São Paulo — Ainda que tenha criticado recentemente a postura do presidente Jair Bolsonaro de endossar as manifestações marcadas para o próximo dia 15, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entende que elas não representam um risco para o País.
"O risco do Brasil não são as manifestações. O risco é de os que tomam decisões ficarem com medo de afirmar os seus valores", disse o ex-presidente, sem elaborar mais ou especificar sobre quem se referia. Ele defendeu que líderes políticos não devem temer reações das ruas.
FHC se disse um "partidário da liberdade e da democracia" e favorável a manifestações populares, mas ponderou que é preciso obedecer à linha tênue que delimita a democracia. "Qualquer manifestação é manifestação. A sociedade tem direito de se manifestar, desde que não saia do limite".
Para o tucano, o mundo, assim como o Brasil, passa por uma onda reacionária. Ele evitou fazer críticas mais incisivas ao presidente Bolsonaro.
Em 25 de fevereiro, Fernando Henrique publicou nas redes sociais que o País estava diante de uma crise institucional de consequências gravíssimas", após Bolsonaro compartilhar no WhatsApp convocações a manifestações contrárias ao Congresso Nacional, como revelado pela jornalista do Estado Vera Magalhães.
Em evento organizado neste sábado, 7, pelo The Green Hub sobre maconha medicinal, FHC defendeu a regulamentação do uso da cannabis, para fins medicinais ou recreativos. "Vamos abrir o jogo, vamos debater. Isso aqui é uma democracia, ou pelo menos deveria ser. Só pela repressão não vai dar", declarou. "Com ou sem lei, o pessoal usa maconha. Então melhor que use com regulamentação."