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FHC critica suposta gravação de conversa com Temer e Calero

O ex-presidente almoçou nesta sexta com Temer ao lado da cúpula do PSDB e garantiu que o partido seguirá na base de apoio a Temer

FHC: "O PSDB se sente responsável pelo país. O país está em um momento que precisa de união" (Paulo Whitaker/Reuters)

FHC: "O PSDB se sente responsável pelo país. O país está em um momento que precisa de união" (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 25 de novembro de 2016 às 17h01.

Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que já foi do PSDB, por supostamente ter gravado conversas com o presidente Michel Temer, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O ex-presidente almoçou nesta sexta com Temer ao lado da cúpula do PSDB e garantiu que o partido seguirá na base de apoio a Temer após os episódios que levaram ao pedido de demissão de Geddel nesta manhã.

"Uma pessoa gravar uma conversa com outro me parece uma coisa que não é certa. Tem que ter a boa fé, imaginar que você está conversando com interlocutor. Eu não acho isso correto, ainda mais quando se trata de um presidente da República ou um ministro", afirmou FHC ao sair do almoço no Palácio da Alvorada.

Ele também defendeu que "o momento é de união".

"O PSDB se sente responsável pelo país. O país está em um momento que precisa de união. Eu diria que mais que o governo, está em um momento difícil, o país todo. Temos que chegar até uma eleição em 2018 e temos que nos unir pelo Brasil", afirmou o ex-presidente.

Após pedir demissão do posto de ministro da Cultura, Calero afirmou que Geddel o pressionou para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberasse as obras de um empreendimento imobiliário em Salvador onde Geddel havia comprado um apartamento.

Posteriormente, em depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro da Cultura disse que Temer também o pressionou para encontrar uma "saída" para levar o caso do empreendimento à Advocacia-Geral da União (AGU) onde uma solução seria dada.

Temer também afirmou, segundo o depoimento cujo teor foi confirmado à Reuters por uma fonte, que o episódio havia irritado Geddel e criado dificuldades a seu governo.

Tanto Temer quanto Geddel negaram ter pressionado Calero, embora tenham admitido que conversaram sobre o prédio em Salvador com o então ministro da Cultura.

Perguntado se as acusações de Calero tinham sido tratadas durante o almoço, FHC informou que Temer apenas "explicou o que tinha acontecido na manhã de hoje", com a demissão de Geddel.

O almoço reuniu as principais lideranças tucanas. Além de FHC, estiveram o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e Mato Grosso, Pedro Taques, os ministros tucanos Alexandre de Moraes, da Justiça, e José Serra, das Relações Exteriores, além de parlamentares e prefeitos do partido.

Reforma da Previdência

De acordo com Aécio, Temer indicou no encontro que pretende enviar a reforma da Previdência ao Congresso na primeira semana de dezembro, logo depois da votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição que cria um teto de gastos, o que deve acontecer na próxima terça-feira.

"A ideia dele, e nós estimulamos que assim seja, é enviar após o primeiro turno e antes do segundo turno. Não acho que haja necessidade de esperar essa votação", disse Aécio.

"Na primeira semana de dezembro, pelo que sinalizou o presidente, a reforma chega na Câmara, começa a contar prazo e obviamente será votada ano que vem".

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