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FGV prevê que IPC-S deverá superar 6% em 2010

Analista acredita que inflação em alta pode levar BC a aumentar taxa da Selic nesta terça

A alimentação foi o grupo que registrou maior alta no IPC-S (Arquivo)

A alimentação foi o grupo que registrou maior alta no IPC-S (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 18h38.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) "facilmente ultrapassará o nível de 6%" este ano, prevê o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. Seu cálculo baseia-se no fato de que nos 12 meses até novembro o índice acumulou variação de 5,73% e a taxa neste mês certamente irá superar a de 0,24% apresentada em dezembro de 2009, puxando para cima o porcentual total em 12 meses.

Braz acrescentou que o IPCA não deve se descolar muito do índice da FGV, o que pode se traduzir em maior pressão para que o Banco Central eleve a taxa básica de juros. No acumulado em 12 meses até novembro, a alta do índice do IBGE é de 5,63%, apenas 0,10 ponto porcentual abaixo da do IPC-S. "Não há tanta certeza quanto à manutenção da taxa de juros hoje", afirmou Braz, referindo-se à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que será anunciada hoje.

"Eu acho que quanto antes o BC fizer um ajuste, melhor, até porque uma mudança nos juros agora só terá efeito sobre a economia daqui a alguns meses. Melhor tomar logo um posicionamento para colher os frutos lá na frente", defendeu.

Na primeira quadrissemana de dezembro, o IPC-S variou 1,14%, o maior resultado desde o registrado na primeira quadrissemana de fevereiro de 2010 e 0,14 ponto porcentual acima do registrado no fechamento de novembro. "Ainda estamos captando uma boa aceleração de Alimentação, único grupo cuja variação superou a do índice geral", destacou Braz. A alta dos alimentos passou de 2,27% no final de novembro para 2,72% agora. "Seu impacto sobre o índice tem a ver com a magnitude dos aumentos e com a multiplicidade de produtos com forte peso na cesta", afirmou o economista.

A alta persistente dos alimentos e pressões em Transportes, segundo Braz, têm penalizado principalmente a baixa renda. O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que é focado nesse estrato social, variou 1,33% em novembro, 6,41% nos 11 primeiros meses deste ano e 6,58% nos últimos 12 meses. Todos esses porcentuais superam os do IPC-S.

A boa notícia, ressalvou Braz, é que itens importantes, como o feijão, acentuaram a queda e o aumento em carnes já mostra desaceleração. O feijão carioquinha recuou 8,03% na primeira quadrissemana de dezembro, mais do que a queda de 3,98% apresentada em novembro, enquanto a alta das carnes arrefeceu de 10,71%, para 10,63%, entre as duas medições.

"O ponto de maior pressão sobre a carne já passou", afirmou ele, acrescentando que, com a volta da temporada de chuvas, as pastagens devem se recuperar, reduzindo os custos e o espaço para o repasse de preços ao consumidor. "Por causa disso, há possibilidade de que Alimentação como um todo gradualmente desacelere ao longo de dezembro", disse o economista

. "Dessa forma, a taxa do IPC-S em dezembro deve ficar mais próxima de 1% do que do 1,14% registrado na primeira quadrissemana", acredita. "De todo modo, esse grupo deverá continuar exercendo a maior influência sobre o IPC-S em comparação com outras classes de despesas."

Quanto aos demais grupos, algumas pressões também tendem a se arrefecer. É o caso dos Transportes. A variação do álcool combustível passou de 3,66% ao final de novembro para 2,63% na primeira quadrissemana de dezembro e a da gasolina cedeu de 1 36% para 1,06%. A contrapartida, destacou Braz, é passagem aérea item que entra em Educação, Leitura e Recreação e cuja alta foi de 5,86% no fim de novembro para 9,81% na primeira medição de dezembro. "Mas a maior demanda por passagem aérea ocorre mesmo na primeira quinzena do mês, depois disso tende a diminuir", afirmou.

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