Brasil

Campanha fez, faz, farᒠtenta garantir reeleição de Dilma

O mote foi ao ar há dez dias em um programa petista de TV e deve permanecer até as eleições de 2014


	Dilma Rousseff: o novo papel do Estado e dos serviços públicos e a reforma urbana pós-protestos de junho são temas que terão destaque no programa de Dilma
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: o novo papel do Estado e dos serviços públicos e a reforma urbana pós-protestos de junho são temas que terão destaque no programa de Dilma (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2013 às 08h09.

Brasília - A campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição tentará vender a ideia de que o governo do PT "fez, faz e fará" o Brasil avançar. O mote apareceu no programa petista de TV, que foi ao ar há dez dias, e tem sido "esmiuçado" em reuniões promovidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo.

Nos bastidores do partido, o plano está sendo chamado de "Mais Lula", numa referência ao lançamento do programa Mais Médicos. Sob encomenda do ex-presidente, economistas da confiança dele e de Dilma avaliam, por exemplo, como retomar e acelerar o crescimento sem estimular a alta da inflação e criando empregos de qualidade.

A plataforma da reeleição está sendo preparada para construir a narrativa de "uma nova etapa". O novo papel do Estado e dos serviços públicos, a reforma urbana pós-protestos de junho e metas concretas para investir o dinheiro do pré-sal do campo de Libra em educação e saúde são temas que terão destaque no programa de Dilma para um eventual segundo mandato, além da questão econômica.

Empenhado em desconstruir críticas de adversários de Dilma, como o senador Aécio Neves (PSDB), a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para quem é preciso "fazer mais e bem feito", Lula já dá pistas do discurso da reeleição.

"O povo foi para a rua exigir um pouco mais do Estado, para dizer que precisa de mais coisas, porque ele aprendeu a comer contrafilé e não quer voltar a comer acém. Quer comer agora filé de verdade. Ele quer o emprego, mas não quer mais um emprego qualquer. Ele quer estudar, mas em escolas de qualidade", afirmou o ex-presidente na terça-feira, em Brasília.


Dono de uma popularidade de 80%, Lula percorrerá o País e subirá no palanque para vender ao eleitor aquilo que os petistas chamam de "continuidade criativa". O plano é anunciar "mais e melhores" serviços do Estado, mas a presidente ainda está em busca de uma marca de governo para chamar de sua.

‘Tem mais o quê?’

Dilma também reforçou a agenda de viagens e vai agora investir no Nordeste. Em meados deste mês, ela visitará as atrasadas obras de transposição do Rio São Francisco. Vendido como "prioridade" de Dilma, o projeto deveria ter sido concluído no ano passado, mas enfrenta sucessivos adiamentos e é alvo de fortes críticas do PSB e do PSDB. O custo da transposição, que prevê distribuição de água em 390 municípios do Nordeste, foi inicialmente estimado em R$ 4 bilhões, mas hoje supera R$ 8 bilhões.

A estratégia para recuperar a imagem de gestora de Dilma, desgastada desde os protestos de junho, é traçada por pesquisas feitas sob encomenda do Instituto Lula, do Vox Populi e do marqueteiro João Santana.

Em recente sondagem sobre os programas do governo, os entrevistados elogiaram o ProUni e o financiamento escolar. Mas a pergunta que deixou dirigentes do PT intrigados foi singela: "E além disso tem mais o quê?" A reação ocorreu em pesquisa quantitativa, que mede o humor dos eleitores. Depois do Mais Médicos, está em estudo no governo a ampliação da escola em tempo integral.

"Lula faz sombra para Dilma no Planalto", provocou Aécio, dois dias depois de comentários do ex-presidente, para quem o tucano e Marina também são "sombras" em seus respectivos partidos. Em Brasília, Lula procurou apaziguar divergências com o PMDB e conversou com Dilma sobre a reforma ministerial de janeiro de 2014.


"Enquanto os outros brigam como cão e gato, um tentando desfazer o que o outro faz, ele joga em todas as posições do campo", defendeu o senador Jorge Viana (PT-AC). "A Marina não é sombra. É uma árvore. Só que a visão ecológica dela não combina com o choque de gestão do Eduardo", disse o governador do Rio Grande do Sul e ex-presidente do PT, Tarso Genro.

Ajuste fiscal

Às vésperas de um ano eleitoral, sem disposição para reduzir gastos, déficit recorde nas contas públicas e uma tempestade à vista no cenário internacional, a equipe de Dilma também está preocupada em dissipar a desconfiança do mercado nos rumos da economia. Uma das propostas em estudo prevê um programa fiscal de longo prazo para o período 2015-2018.

Na função de "ouvidor-geral" do Palácio do Planalto, Lula faz reuniões periódicas, geralmente quinzenais, com empresários, banqueiros, investidores e representantes de multinacionais no Brasil. Nesses encontros, escuta sugestões e queixas de empresários, petistas e aliados de todos os partidos, do PMDB ao PC do B, sobre o estilo Dilma. As reclamações também atingem o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que esteve por trás de todos os pacotes de concessões e é visto pelo mercado como um intervencionista contumaz.

Em agosto, o ex-presidente chamou Nelson Barbosa, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda e desafeto de Augustin, para o núcleo de conselheiros do Instituto Lula.

O grupo de economistas que se reúne com Lula e faz relatórios com propostas para o Brasil é composto, ainda, por Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, Luiz Gonzaga Belluzzo, Delfim Neto, Glauco Arbix e Jorge Mattoso. Os ex-ministros Antonio Palocci, que caiu após denúncias de multiplicação do patrimônio, e Franklin Martins, além de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, também compõem o time. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEleiçõesEleições 2014Governo DilmaPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso