Brasil

Fernando Reinach: temos de pensar em vacinação permanente contra covid-19

O biólogo participou de um debate dentro do evento CEO Conference Brasil 2021, organizado pelo banco BTG Pactual

Vacinação: pirâmide etária jovem do Brasil pode ajudar a atingir mais rapidamente os grupos mais atingidos pelo coronavírus. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Vacinação: pirâmide etária jovem do Brasil pode ajudar a atingir mais rapidamente os grupos mais atingidos pelo coronavírus. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 26 de maio de 2021 às 17h02.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às 17h17.

Uma grande pergunta que os governos, laboratórios e a ciência ainda não têm uma resposta é se a vacinação contra a covid-19 será anual, ou mesmo se há a necessidade de uma terceira dose. Na opinião do biólogo Fernando Reinach, o Ministério da Saúde precisa pensar em um programa de imunização permanente contra o coronavírus.

“Precisamos começar a planejar como vai ser o programa permanente de vacinação no Brasil. Quanto mais cedo esses problemas começarem a ser tratados, melhor”, disse ele nesta quarta-feira, 26, em participação no evento CEO Conference Brasil 2021, organizado pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).

Ainda de acordo com o pesquisador, recentemente dois trabalhos publicados na revista Nature relevaram resultados animadores. “As pesquisas mostraram que os já infectados ficam razoavelmente protegidos durante um bom tempo. Por outro lado, o estudo mostrou que as vacinas perdem a eficácia com o passar do tempo. Então há muitos laboratórios desenvolvendo uma versão 2.0 da vacina”, afirmou.

O médico infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Esper Kallás, que também participou do debate, concorda que há a necessidade deste planejamento. Para ele, o principal foco do governo brasileiro deveria ser buscar a independência na produção. Atualmente, as vacinas do Instituto Butantan/Sinovac e da Fiocruz/AstraZeneca são apenas envasadas no Brasil, com matéria-prima importada.

“Precisamos pensar em um plano nacional, com produtos diferentes. Precisamos também fazer a discussão para o futuro. Quais os produtos que podemos ter para atacar as novas cepas, como teremos a produção. Precisamos ter independência na produção da vacina. Isso vai passar pelo investimento em tecnologia, ciência e desenvolvimento”, disse.

Outro ponto debatido pelos dois especialistas foi o intercâmbio de vacinas, de diferentes laboratórios. Estudos preliminares na Inglaterra mostraram bons resultados na administração da primeira dose da AstraZeneca e a segunda dose da Pfizer.

Kállas ainda avaliou que o Brasil vive o pior da pandemia de covid-19, em comparação com o primeiro pico, registrado no ano passado.

“Infelizmente o Brasil ainda está sofrendo muito com essa pandemia, com um número de mortes que é o dobro do pico registrado no ano passado. A partir da segunda quinzena de novembro houve um aumento de casos, o que as pessoas estão chamando de segunda onda. Os números estabilizaram no fim de março, houve uma leve queda, mas cessou”, afirmou.

O CEO Conference Brasil 2021 foi realizado nos dias 25 e 26 de maio. Os painéis incluíram discussões com alguns dos maiores nomes do país e do mundo em áreas como economia, mercado e setor financeiro, tecnologia, saúde, agronegócio e carreira.

O evento organizado anualmente pelo banco de investimentos BTG Pactual, desta vez em formato virtual em razão das medidas de distanciamento por causa da pandemia do coronavírus, teve como um dos objetivos justamente promover as escolhas certas por parte da sociedade e de seus líderes.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusPandemiavacina contra coronavírus

Mais de Brasil

Bolsonaro nega participação em trama golpista e admite possibilidade de ser preso a qualquer momento

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos