Brasil

Federais criam cotas de mestrado e doutorado

Por iniciativa de professores e alunos, departamentos da UFRJ e da UnB desenvolvem políticas afirmativas na pós-graduação


	Campus da UFRJ, na Praia Vermelha, RJ: para negros, haverá nota de corte menor do que de outros concorrentes e adicional de 20% de vaga
 (Wikimedia Commons)

Campus da UFRJ, na Praia Vermelha, RJ: para negros, haverá nota de corte menor do que de outros concorrentes e adicional de 20% de vaga (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2013 às 12h00.

São Paulo - Após um ano da Lei de Cotas, universidades federais começam a reservar vagas para negros e índios também em mestrados e doutorados. Departamentos das Universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Brasília (UnB) desenvolvem políticas afirmativas na pós-graduação por iniciativa de professores e alunos.

A Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ reservará o mínimo de duas vagas aos indígenas. Para negros, haverá nota de corte menor do que de outros concorrentes e adicional de 20% de vagas. Neste ano, nove candidatos já se declararam indígenas e 27, negros. Os primeiros cotistas devem começar em 2014.

O subcoordenador do programa da pós do Museu Nacional, João Pacheco, afirmou não acreditar em piora de qualidade da produção acadêmica. "Não é só fazer justiça social. É uma experiência importante para a área de antropologia, que se propõe a estudar o outro", afirmou.

Já na UnB, a reserva de 20% das vagas de mestrado e doutorado para negros foi aprovada em julho no Departamento de Sociologia. Uma comissão de professores e alunos tem até o fim de setembro para concluir a proposta, que ainda precisa do aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade. A expectativa é de que as cotas comecem a valer no início de 2015. Em Brasília, o curso Pós-Afirmativas ainda prepara negros para o mestrado e doutorado da UnB.

Autonomia

O Ministério da Educação não exige reserva de vagas na pós, mas cada departamento ou instituição pode fixar os critérios nas seleções. Um exemplo é a pós em Direitos Humanos da Universidade de São Paulo (USP), instituição historicamente refratária a cotas. Desde 2006, um terço das vagas no curso é separada para negros, indígenas, pobres e deficientes físicos. Na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), 40% das vagas vão para negros e 5% para indígenas em todos os cursos da pós desde 2007.

Apesar de negros e "pardos" corresponderem a mais de 51% da população, só 18,8% dos brasileiros com mestrado pertencem a esse grupo étnico, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já entre os doutores, a proporção recua para 14,6%.

Segundo o especialista em educação Cláudio de Moura Castro, as cotas são injustas. "Na pesquisa, deve prevalecer a meritocracia, em que os candidatos atingem o nível exigido", afirmou. Conforme o coordenador da organização não governamental (ONG) Educafro, frei David Santos, é preciso abrir mais portas da pós-graduação para excluídos. "A seleção sempre foi cheia de subjetividades. Falta um pacto nacional para resolver o problema", defende. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CotasEnsino superiorFaculdades e universidadesUFRJUnB

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP