Fernando Segovia, novo diretor-geral da PF (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 15h01.
Brasília - A Federação Nacional dos Policiais Federais pediu, neste sábado, 10, que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, faça uma "retratação pública" sobre as declarações que deu a respeito do inquérito do Decreto dos Portos.
À agência Reuters, Segovia afirmou que a tendência é que as investigações contra o presidente Michel Temer sobre os Portos sejam arquivadas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso mandou intimar o diretor-geral da PF para esclarecimentos.
Segundo a entidade, "adentrar às questões internas de uma investigação criminal, conduzida por uma equipe multidisciplinar de investigação, composta por agentes federais, delegados, escrivães, papiloscopistas e peritos, o dirigente tanto extrapolou em suas funções, que são precipuamente administrativas, quanto avançou no sentido de garantir o entendimento futuro do Ministério Público Federal, a quem cabe legalmente o pedido de arquivamento de investigações criminais, e do Poder Judiciário, a quem cabe a decisão final pelo arquivamento ou não".
"Os policiais federais esperam uma retratação pública desse posicionamento, além de uma mensagem dirigida ao público interno, com um firme posicionamento atrelado a um rol de condutas isentas do dirigente maior da PF, que garantam o bom funcionamento dos nossos trabalhos, sem qualquer risco de que estaríamos vivenciando uma era de ingerências políticas em nossas investigações", afirma, por meio de nota.
Os policiais ainda se dizem "firmes" por um país "mais justo e livre da corrupção, sem partidarismos ou enlaces políticos que venham manchar a nossa conduta e a nossa reputação".
Em entrevista, o chefe da PF afirmou que não foram encontradas, até o momento, provas sobre o pagamento de propina por parte da empresa Rodrimar para Temer.
As declarações do diretor-geral da PF provocaram reação imediata de delegados que participam de investigações de inquéritos especiais, envolvendo autoridades com foro. A Coluna do Estadão teve acesso a uma mensagem enviada em grupo de WhatsApp de delegados na qual dizem que "ninguém da investigação foi consultado ou referenda essa manifestação".
"Os integrantes do Grupo de Inquéritos da Lava Jato no STF informam que a manifestação do Diretor Geral da Polícia Federal que está sendo noticiada pela imprensa, dando conta de que o inquérito que tem como investigado o Presidente da República tende a ser arquivado, é uma manifestação pessoal e de responsabilidade dele. Ninguém da equipe de investigação foi consultado ou referenda essa manifestação, inclusive pelo fato de que em três de anos de Lava Jato no STF nunca houve uma antecipação ou presunção de resultado de Investigação pela imprensa."
Fernando Segovia afirmou em mensagem enviada a colegas no WhatsApp, neste sábado (10) que "em momento algum" falou que a apuração seria arquivada.