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Fecundidade no Brasil cai para 1,55 filhos por mulher, com aumento da idade média das mães

Na comparação com outros países, o Brasil apresenta uma taxa de fecundidade inferior à da Nigéria, França e Estados Unidos, enquanto é menor do que a da Argentina, Chile e Itália

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de junho de 2025 às 10h06.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 10h06.

A taxa de fecundidade no Brasil caiu para 1,55 filhos por mulher, com aumento da idade média das mães, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira, 27. Em 2010, a taxa era de 1,90 filhos por mulher.

Na comparação com outros países, o Brasil apresenta uma taxa de fecundidade inferior à da Nigéria, França e Estados Unidos, enquanto é menor do que a da Argentina, Chile e Itália.

O estudo mostra que essa diminuição tem ocorrido de forma desigual entre as diferentes regiões do país. Enquanto o Sul e o Sudeste experimentaram uma queda precoce nas taxas de fecundidade, o Norte e o Nordeste acompanharam esse movimento mais tardiamente, com o Nordeste apresentando uma redução mais acentuada nos últimos anos.

Segundo o IBGE, a mudança no padrão reprodutivo também é refletida na alteração do pico da fecundidade, ou seja, a maioria dos nascimentos, que antes acontecia em mulheres com idades entre 20 e 24 anos, passou a ocorrer entre mulheres com idades entre 25 e 29 anos.

A mudança reflete o envelhecimento da curva de fecundidade, uma tendência observada em todas as regiões, embora com intensidades variadas, de acordo com o nível de desenvolvimento e a transição demográfica de cada local.

Taxas de fecundidade total - Brasil e Grandes Regiões - 1960/2022
Nível geográfico1960197019801991200020102022
Brasil6,285,764,352,892,381,901,55
Norte8,568,156,454,203,162,471,89
Nordeste7,397,536,133,752,692,061,60
Sudeste6,344,563,452,362,101,701,41
Sul5,895,423,632,512,241,781,50
Centro-Oeste6,746,424,512,692,251,921,64

Além disso, a idade média da fecundidade, um indicador-chave do comportamento reprodutivo, aumentou ao longo do tempo. De 2000 a 2022, a idade média passou de 26,3 anos para 28,1 anos, um aumento de 1,8 anos.

As regiões com maior crescimento foram o Centro-Oeste, com um acréscimo de 1,5 anos, e o Norte, com alta de 1,2 anos. Esse aumento está relacionado ao adiamento da maternidade, uma tendência observada especialmente nas regiões mais desenvolvidas do país.

O Censo 2022 também destacou a evolução da fecundidade entre mulheres mais velhas, com a proporção de mulheres de 50 a 59 anos sem filhos vivos aumentando de 11,8% em 2010 para 16,1% em 2022. Esse aumento foi mais expressivo nas regiões Norte e Sudeste, sendo esta última a que apresentou o maior percentual de mulheres sem filhos vivos.

O adiamento da maternidade e a redução do desejo de ter filhos são fatores que explicam essa mudança, refletindo uma maior autonomia das mulheres e mudanças nas condições econômicas e sociais que impactam o planejamento familiar.

Segundo o IBGE, os dados reforçam as tendências observadas ao longo das últimas décadas, com a fecundidade em queda e o adiamento da maternidade se tornando mais evidente, especialmente nas regiões mais desenvolvidas do país.

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