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"Família do Norte" é a terceira maior facção do país

A facção é um dos grupos que surgiram nos estados para conter o PCC e é responsável pelas mortes em Manaus

Presídio: a facção é resultado da união de dois grandes traficantes (Agência Brasil)

Presídio: a facção é resultado da união de dois grandes traficantes (Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 08h23.

Última atualização em 3 de janeiro de 2017 às 13h13.

Manaus, Brasília e Rio - O massacre no Complexo Penitenciário em Manaus é mais um capítulo da disputa de poder entre as maiores facções criminosas do País, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), e revela como o tráfico transnacional de drogas transformou-se em uma atividade organizada por facções.

Responsável pelas mortes, a Família do Norte (FDN) é um dos grupos que surgiram nos Estados para conter o PCC - a FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do País.

A Família é resultado da união de dois grandes traficantes, Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, e José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba. Segundo a PF, após passarem uma temporada cumprindo pena em presídios federais, os dois retornaram para Manaus, em 2006, determinados a se estruturarem como uma facção criminosa.

O resultado é o grupo que foi alvo da operação La Muralla, em 2015, flagrado movimentando milhões por mês com o domínio da "rota Solimões" - usada para escoar a cocaína produzida na Bolívia e no Peru por meio dos rios da região amazônica.

Embora seja aliada do CV, a FDN nunca aceitou ser subordinada a nenhuma outra organização. No inquérito que deu origem à La Muralla, os investigadores perceberam que o PCC estava "batizando" criminosos amazonenses de modo a aumentar a presença no Estado. Essa ação desagradou a FDN, que ordenou a morte de três traficantes ligados à facção paulista.

À época, CV e PCC eram aliados e mantinham negócios juntos, e a FDN estava fragilizada pela Operação La Muralla. Cerca de um ano após iniciar a perseguição ao PCC, e agora com o apoio do CV, a FDN pôs em prática o plano de acabar com a facção paulista no Amazonas.

Tática parecida o PCC já havia empregado em presídios de Roraima e Rondônia, em outubro de 2016. Rebeliões causadas pela guerra entre as duas facções causaram 18 mortes em presídios dos dois Estados.

Segundo o governo de Roraima, dez detentos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, após uma ordem vinda do Rio. Em Roraima, Valdineys de Alencar Sousa, o Vida Loka, líder do CV, e Leno Rocha de Castro, o segundo em comando, estavam entre os mortos.

Investigadores acreditam que integrantes do CV pediram à FDN que executasse integrantes do PCC em Manaus. "Esse massacre foi um choque entre uma facção que se tornou internacional com uma local. O Estado não pode admitir que o crime organizado conquiste espaço. Deve reprimir com dureza e não fazer acordos", disse o procurador Marcio Sérgio Christino.

Rocinha

Atualmente, o PCC domina o tráfico de drogas na favela da Rocinha, no Rio, o que aumenta a tensão com o CV. Com cerca de cem mil moradores, a favela é considerada pela polícia a área do Rio onde o tráfico de drogas é mais rentável.

A comunidade era dominada pela Amigo dos Amigos (ADA), facção rival do CV. O PCC firmou uma parceria com a ADA, aliança que começou na rua e teve reflexos nos presídios. Em Bangu 4, bandidos que aderiram ao PCC pediram transferência para uma ala destinada à ADA.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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