Aécio: segundo a investigação, a propina acertada entre o empresário e Aécio era de R$ 2 milhões (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de maio de 2017 às 09h06.
São Paulo - O desembargador aposentado Lauro Pacheco de Medeiros Filho, pai de Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que "falta qualidade moral e intelectual" ao tucano.
Fred foi preso na Operação Patmos, na quinta-feira passada, 18, após ser filmado buscando uma mala com R$ 500 mil - o dinheiro seria propina da JBS, supostamente a pedido de Aécio.
Nesta segunda-feira, 22, o pai de Fred usou a internet para atacar Aécio. "Aécio: meu filho Frederico Pacheco de Medeiros está preso por causa de sua lealdade a você, seu primo. Ele tem um ótimo caráter, ao contrário de você, que acaba de demonstrar não ter, usando uma expressão de seu avô Tancredo Neves, 'um mínimo de cerimônia com os escrúpulos'."
Medeiros escreveu, ainda. "Falta-lhe, Aécio, qualidade moral e intelectual para o exercício do cargo que disputou de presidente da República. Para o bem do Brasil, sua carreira política está encerrada."
Ao telefone, ele repetiu o desabafo e, com voz embargada, disse que a família está chocada com a forma com que Aécio referia-se ao primo nas gravações.
O trecho sobre quem seria o responsável para retirar o dinheiro da propina da JBS foi o que mais "incomodou" Medeiros e a família. "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação (...) Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara", disse Aécio na conversa com Joesley Batista, dono da JBS.
Segundo a investigação, a propina acertada entre o empresário e Aécio era de R$ 2 milhões. Segundo investigações, em pelo menos duas ocasiões Fred foi pessoalmente à sede da JBS para buscar parte da propina acertada para o primo.
No texto publicado nas redes sociais, Lauro Pacheco de Medeiros Filho seguiu. "Vejo agora, Aécio, que você não faz jus à memória de seu saudoso pai, o deputado Aécio Cunha."
A reportagem procurou o senador afastado para ouvi-lo sobre a mensagem do seu tio. Nota divulgada na semana passada pelo advogado de Aécio, José Eduardo Alckmin, afirmou que o "diálogo se deu numa relação entre pessoas privadas, no qual o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal".
No mesmo comunicado, o senador afastado ainda disse lamentar os "termos inadequados que usou na conversa gravada, já tendo se manifestado diretamente junto a cada um dos companheiros e autoridades mencionados." O tucano também afirmou que não houve "contrapartida".
"O delator propôs, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que possa ser considerado ilegal ou que tenha qualquer relação com o setor público." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.