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Falta de água pode paralisar hidrovia

A Tietê-Paraná chega ao nível mínimo permitido para navegação dos comboios de grandes barcaças


	Hidrovia Tietê-Paraná: a hidrovia transporta 6 milhões de produtos/ano
 (Brazillian Navy/WikimediaCommons)

Hidrovia Tietê-Paraná: a hidrovia transporta 6 milhões de produtos/ano (Brazillian Navy/WikimediaCommons)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 09h35.

Araçatuba - A hidrovia Tietê-Paraná chega ao nível mínimo permitido para navegação dos comboios de grandes barcaças e poderá parar nos próximos dias se não houver oferta de água para navegação.

A hidrovia transporta 6 milhões de produtos/ano, entre eles celulose, madeira e etanol, mas principalmente a produção da safra recorde de soja de Mato Grosso e Goiás e destinada ao Porto de Santos.

De acordo com o Departamento Hidroviário (DH), responsável pelo gerenciamento da hidrovia no Estado de São Paulo, se a usina de Três Irmãos continuar a consumir água para geração de energia no mesmo ritmo da semana passada, o nível de água no Rio Tietê será insuficiente para a navegação das embarcações no trecho da hidrovia na usina de Nova Avanhandava, em Buritama (SP).

O trecho é o mais crítico entre os reservatórios de Três Irmãos e Nova Avanhandava, que estão com 32% e 31% da capacidade.

No feriadão, dois comboios da Louis Dreyfus Commodities (LCD), com 8 mil toneladas de soja, ficaram encalhados e outros cinco, de outras operadoras, com mais de 20 mil toneladas de soja, tiveram de esperar até dois dias.

O encalhe ocorreu por erro de rota e a espera foi determinada pela Marinha porque o nível do rio não permitia a passagem pela eclusa de Nova Avanhandava.

O problema só foi solucionado domingo, com a adoção da chamada "onda de vazão", operação especial que consiste em turbinar a geração de energia em Nova Avanhandava e reduzir a captação em Três Irmãos, aumentando o nível do rio e possibilitando a navegação.

Na segunda-feira, 5, o Departamento Hidroviário emitiu comunicado extraoficial aos operadores da hidrovia informando que a partir de quarta-feira, 7, o calado para navegação será reduzido de 2,30 metros para 2,20 metros.

E os 2,20 metros só serão possíveis, no trecho de Nova Avanhandava, com as ondas de vazão. Por isso, a expectativa de que os comboios voltem a ficar parados são grandes.

"Vamos reduzir para 2,20 metros, que é o mínimo permitido. Abaixo disso, a navegação vai ser paralisada, o que pode ocorrer nos próximos dias", disse Tércio Casemiro Carvalho, diretor do DH.

Com a nova redução, para 2,20 metros, as operadoras, que já tinham reduzido em 30% o volume de cargas nas embarcações, terão de reduzir ainda mais.

Os comboios transportam em média 6 mil toneladas, mas com a queda do calado de 2,90 para 2,30 metros passaram a transportar 4,2 mil toneladas.

Carvalho informou que a Marinha vai anunciar amanhã o novo calado. Dos 24 comboios em operação, 21 estão carregados com soja e 3 com etanol.

De acordo com o DH, com a redução do volume de soja transportado na hidrovia, cerca de 140 mil caminhões são colocados a mais por dia para transportar a soja até o Porto de Santos.

O preço da tonelada pela hidrovia gira em torno de R$ 40 a R$ 45, enquanto de caminhão não sai por menos de R$ 130 e pode atingir, nesta época de safra, até R$ 400 ou R$ 500.

Segundo Carvalho, a redução do calado não resolverá o problema se a geração de energia continuar no mesmo ritmo em Três Irmãos.

"O problema é que a água que falta para navegação é usada para gerar energia", disse.

"E, se continuar desse jeito, a hidrovia vai parar, não tenho dúvidas."

O Departamento Hidroviário tenta achar uma saída com o Operador Nacional do Sistema (NOS) para que a geração de energia seja reduzida.

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