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Fala de Freixo favorável a Haddad em São Paulo abre crise no PSB

Após dizer que PT tinha razão para manter candidatura ao governo paulista, pré-candidato do PSB no Rio procura Márcio França, postulante da sigla em SP, e avisa que não se envolverá mais em disputa vizinha

Deputado Federal Marcelo Freixo durante sessão de votação para presidente da Câmara dos Deputados. (Valter Campanato/Agência Brasil)

Deputado Federal Marcelo Freixo durante sessão de votação para presidente da Câmara dos Deputados. (Valter Campanato/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 11h39.

Última atualização em 31 de janeiro de 2022 às 13h53.

Declaração do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) favorável à pré-candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo abriu uma crise entre os socialistas. Após reação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que se disse “estarrecido”, Freixo recuou, afirmando que não vai mais se envolver na eleição paulista.

Na tentativa de apaziguar os ânimos, o deputado enviou ainda uma mensagem ao ex-governador Márcio França, seu correligionário, que pretende disputar o cargo. Os dois partidos negociam uma aliança nacional, mas a conversa travou porque nenhum dos lados abre mão de ser cabeça de chapa no maior colégio eleitoral do país.

Freixo trocou o PSOL pelo PSB em junho do ano passado para disputar o governo do Rio e é visto como um outsider na nova sigla. O deputado chegou à legenda com a bênção do ex-presidente Lula, que já declarou apoio a ele na campanha para o Palácio Guanabara.

As declarações de Freixo a favor de Haddad irritaram a cúpula do PSB e o entorno de França. O presidente da sigla rebateu o deputado no último sábado.

— Estamos em meio a conversas, ele (Freixo) faz uma coisa dessas com o Márcio (França), me deixou estarrecido e causou um mal-estar tremendo. Ele quer sair candidato pelo PT ou pelo PSB? Porque defender essa pauta, do PT, em meio a nossas negociações, ficou muito ruim para ele — disse Siqueira ao Blog da Andreia Sadi, do g1.

Freixo agora tenta estancar a crise interna no partido:

— Isso não passou de um mal entendido. Eu declarei que São Paulo é um dos lugares mais importantes dessa unidade do campo democrático, e um dos mais difíceis. O PSB tem a candidatura do Márcio França, que é muito respeitado e querido no partido. E o PT tem argumentos também coerentes na defesa da sua candidatura. Mas tenho certeza absoluta que os dirigentes dos dois partidos são capazes de chegar ao melhor entendimento para todos.

Para tentar conter o mal-estar dentro do partido, Freixo enviou uma mensagem a França para se explicar, no último sábado. Ao companheiro de sigla, ele afirmou que havia sido um equívoco, que o respeita muito e que não declarou apoio a Haddad. França teria respondido que estava “tudo bem”, segundo ele. Procurado, França não respondeu ao GLOBO.

À coluna da Malu Gaspar, no GLOBO, Freixo havia dito no último dia 20, que o PT tinha razão
para não abrir mão da candidatura de Haddad.

— Eu sei que em São Paulo o PT não vai abrir mão, é o único lugar em que não abrirão mão, e eles têm razão para isso. O Haddad está na frente e, se ele deixar de ser candidato, os votos irão para o (Guilherme) Boulos, não para o Márcio França — afirmou ele.

Discordância sobre critério

O PT quer usar como critério para a escolha de candidatura as pesquisas eleitorais, mas o PSB não concorda. Hadadd aparece na frente em São Paulo. A direção nacional petista já concordou em apoiar nomes do PSB em Pernambuco, no Rio e no Espírito Santo, estados considerados prioritários pelos socialistas. As conversas ainda prosseguem no Rio Grande do Sul.

No início do ano, Freixo já havia retuitado — e logo em seguida apagou — uma matéria do Extra com o título “Haddad e Freixo na dianteira para ocupar palanque de Lula no Rio e SP em 2022”.

Na ocasião, ao ser procurado, ele afirmou que retirou o post porque estava “trabalhando pela federação (partidária) e pela unidade com calma, sem ferir suscetibilidades de ninguém”.

Na última semana, Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniram com os dirigentes petistas do Rio, que resistiam a apoiar Freixo e ensaiavam lançar a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano (PT). Após a conversa, o diretório fluminense recuou e anunciou a pré-candidatura de Ceciliano para o Senado.

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