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Faculdade expulsa aluno transexual por polêmica com docente

Reclamação nas redes sociais faz aluno transexual ser expulso da Faculdade Cásper Líbero e acusar instituição de transfobia


	Faculdade Cásper Líbero: o aluno transexual afirmou que o episódio abriu espaço para diversas manifestações transfóbicas contra ele
 (Divulgação/Faculdade Cásper Líbero/Gustavo Carneiro)

Faculdade Cásper Líbero: o aluno transexual afirmou que o episódio abriu espaço para diversas manifestações transfóbicas contra ele (Divulgação/Faculdade Cásper Líbero/Gustavo Carneiro)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2015 às 21h47.

São Paulo - O estudante transexual Samuel Silva, de 22 anos, acabou expulso na semana passada da Faculdade Cásper Líbero, uma das mais tradicionais de São Paulo, após se envolver em um episódio que classifica como ‘transfóbico’. Além dele, uma professora foi demitida e um coordenador do curso de Publicidade e Propaganda perdeu o cargo.

Tudo começou em setembro, quando Samuel queixou-se na sua página no Facebook de ter se sentido prejudicado em uma avaliação da disciplina de Redação Publicitária.

A professora exibiu um vídeo todo em inglês para os alunos e o aluno transexual teria sido o único a se queixado que a falta de legendas o prejudicou, no que se caracterizaria em uma ‘prática elitista’.

Samuel acabou exposto pela professora em questão, e reproduziu o conteúdo também no seu Facebook.

E ai eu faço um post que critica uma PROVA e não a pessoa da professora, mas é óbvio hoje em dia ninguém sabe receber...

Posted by Samuel Silva on Sábado, 3 de outubro de 2015

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a polêmica só não foi amenizada entre estudante e professora porque, segundo Samuel, ele não era tratado pela docente no gênero masculino – o que ela negou ao jornal.

O aluno trans afirmou que o episódio abriu espaço para diversas manifestações transfóbicas contra ele, inclusive de colegas de turma.

A situação se agravou quando Samuel, de acordo com sua versão, se reuniu com o coordenador do curso e “trombou com ele”. O estudante acabou acusado de agressão, o que foi o suficiente para o diretor da Cásper Líbero, Carlos Roberto da Costa, a expulsar Samuel da instituição. Ele divulgou a decisão também na sua página no Facebook.

COMUNICADOEsta semana a Faculdade Cásper Líbero instaurou uma sindicância para investigar o caso envolvendo o aluno...

Posted by Carlos Roberto da Costa on Sexta, 9 de outubro de 2015

Além de Samuel, a professora envolvida no caso foi desligada da Cásper – ela não se pronunciou nas suas redes sociais sobre o assunto.

Já o coordenador do curso registrou um boletim de ocorrência contra o agora ex-aluno, mas perdeu o posto, ficando apenas no quadro de professores da faculdade.

Em outro perfil, Samuel lamentou que a faculdade esteja tirando "a oportunidade de estudar e ter um futuro melhor". "Lembram quando eu disse que lugar de trans é na faculdade? É com muito pesar que eu retiro o que eu disse. Lugar de trans, infelizmente, ainda é na marginalidade", escreveu.

Todo o repúdio à Faculdade Cásper Líbero.Primeiro gostaria de dizer que sou um homem transexual e nós, Travestis e...

Posted by Um homem trans casperiano on Sexta, 9 de outubro de 2015

Em nota, a Frente LGBT+ Casperiana repudiou a expulsão de Samuel e realizou inclusive uma mobilização na última terça-feira (13), em favor do estudante e pedindo, entre outras coisas, a demissão do ex-coordenador do curso e a discussão de políticas de inclusão na Cásper Líbero.

NOTA DA FRENTE LGBT+ CASPERIANANa última semana, o estudante Samuel Silva, do 3º ano de Publicidade e Propaganda,...

Posted by Frente LGBT+ Casperiana on Quinta, 8 de outubro de 2015

Não é o primeiro episódio de violação de direitos humanos envolver a faculdade. Em 2014, um trote violento obrigou calouras e simularem sexo oral com uma banana em plena Avenida Paulista, coração da capital paulista, enquanto um calouro chegou a ser preso em um poste com fitas adesivas.

Todavia, o sexismo e o preconceito nas instituições de ensino superior de São Paulo é uma realidade não só na Cásper Líbero, mas em diversas universidades, conforme mostraram as investigações da CPI dos Trotes, concluída em março deste ano na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

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