Brasil

O impacto da facada de Bolsonaro na eleição, segundo cientistas políticos

"Se a narrativa favorecer o candidato, a polarização com a esquerda, e com PT em particular, vai favorecer Bolsonaro", diz Thiago Vidal, da Prospectiva

Jair Bolsonaro: candidato foi alvo de violência em Juiz de Fora (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro: candidato foi alvo de violência em Juiz de Fora (Adriano Machado/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de setembro de 2018 às 19h29.

Última atualização em 6 de setembro de 2018 às 21h01.

São Paulo - O candidato à Presidência Jair Bolsonaro foi esfaqueado nesta quinta-feira (06) em Juiz de Fora durante ato de campanha.

A perfuração foi no abdômen e segundo seu filho, ele chegou "quase morto" ao hospital. Ele passou por uma cirurgia e seu estado de saúde está sendo monitorado.

O cientista político Fernando Schuler, do Insper, não acredita que o episódio vá levar a uma maior radicalização na campanha.

"E um atentado político e por muito pouco não teremos uma fatalidade. Isso assustou as pessoas, é um ponto de inflexão. Mostra que uma escalada de violência pode produzir vítimas em todo o espectro político".

Segundo ele, o caso dos Estados Unidos, que já teve presidentes assassinados, mostra que nestes momentos de crise o sistema partidário se unifica para conter um acirramento dos ânimos.

Um dos sinais disso são as primeiras declarações dos outros candidatos, que a partir de agora devem baixar o tom nos ataques ao presidenciável:

"Acho que Bolsonaro ficará afastado da campanha por algum tempo, dias ou semanas, em uma campanha curta. E acho muito difícil que os demais candidatos continuem com uma crítica muito dura a ele, como vinha acontecendo".

Em texto para EXAME, Thiago Vidal, cientista político e gerente do Núcleo de Análise Política da Prospectiva Macropolitica, em Brasília, também apontou possíveis impactos do incidente:

"Acho que o evento de hoje pode redefinir o processo eleitoral, mas isso vai depender do modo como ele repercutirá nas próximas semanas.

Se a narrativa favorecer o candidato do PSL - o que até agora, parece ser o caso - a polarização com a esquerda, e com PT em particular, vai favorecer Bolsonaro eleitoralmente.

Mas vale considerar a possibilidade de o episódio resultar na radicalização da disputa. Isso provavelmente assustaria eleitores que estão indecisos, possivelmente levando-os a buscar alguns candidatos moderados.

A dúvida agora é sobre as condições de o Bolsonaro continuar na disputa. Se ele tiver que abandonar, os prováveis substitutos seriam o atual vice, Hamilton Mourão, ou um dos filhos do candidato para que a chapa preserve o sobrenome "Bolsonaro".

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Jair Bolsonaro

Mais de Brasil

Revalida divulga resultado de recursos para atendimento especializado

Com segurança reforçada, Alexandre de Moraes recebe homenagem no Tribunal de Contas de SP

Nova onda de frio terá ciclone e 'chuva congelada' no Brasil; veja quando começa

São Paulo terá chuva, rajadas de vento e temperatura de 6 ºC; Defesa Civil emite alerta