Brasil

Fabricantes de tratores apostam em maior potência e exportações

Na semana passada, o governo federal anunciou a elevação do orçamento do Moderfrota, programa que financia a aquisição de máquinas agrícolas, de 2 bilhões de reais, em 2003, para 5,5 bilhões para a próxima safra. Apesar disso, os dois principais fabricantes de tratores do Brasil apostam mais em suas próprias estratégias comerciais do que no […]

Máquina agrícola Massey Ferguson, da Agco (Divulgação/Nilson Konrad)

Máquina agrícola Massey Ferguson, da Agco (Divulgação/Nilson Konrad)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 17h25.

Na semana passada, o governo federal anunciou a elevação do orçamento do Moderfrota, programa que financia a aquisição de máquinas agrícolas, de 2 bilhões de reais, em 2003, para 5,5 bilhões para a próxima safra. Apesar disso, os dois principais fabricantes de tratores do Brasil apostam mais em suas próprias estratégias comerciais do que no dinheiro público para elevar seu faturamento em 2004. O aumento da potência dos tratores e as exportações são as duas principais ações traçadas.

Tanto na AGCO do Brasil, subsidiária da americana AGCO Corporation e detentora das marcas AGCO, AGCO Allis e Massey Ferguson, quanto na Agrale, a ordem é investir nas exportações e em tratores de maior potência, afim de atender a demanda dos agricultores por máquinas capazes de cultivar áreas mais extensas. Não por acaso, ambas apostam em linhas com potência acima de 100 cavalos. Para as empresas, aumentar a potência das máquinas significa gerar mais receita, sem necessariamente aumentar o volume físico vendido. "Podemos até manter a mesma quantidade em vendas, mas o valor agregado das unidades é maior", afirma Werner Santos, diretor de marketing da AGCO. "Em 1997, a potência média das máquinas era de 94 cavalos. Neste ano, deve beirar 110 cavalos", diz Santos.

Atenta à essa tendência, a Agrale prepara o lançamento, neste mês, de um novo trator da sua linha 6000, que envolve máquinas com potência entre 105 e 140 cavalos. "O novo produto incrementará nosso crescimento", afirmou o diretor de vendas e Marketing da Agrale, Flávio Crosa. Enquanto as receitas da empresa devem crescer 10%, neste ano, e somar 330 milhões de reais, os negócios com tratores podem aumentar 15%. "As máquinas agrícolas representam 25% de nosso faturamento", diz Crosa.

Margem maior

Conforme Santos, a estratégia ganha mais importância diante das perspectivas de que as vendas de tratores no mercado interno, em 2004, devem repetir os números de 2003, apesar do aumento dos recursos do Moderfrota. "As vendas internas de tratores devem somar 29 mil ou 30 mil unidades neste ano e nossa participação deverá girar em torno de 34% disso", afirma o executivo. Isso equivaleria a dizer que a AGCO venderia, no máximo, 10 200 unidades. Em 2003, a empresa comercializou 9 654 tratores no país, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No total, o mercado interno absorveu 29 476 unidades no ano passado, abaixo das 33 217 vendidas em 2002.


A AGCO liderou as vendas internas de tratores de rodas entre janeiro e maio, segundo a Anfavea. A empresa comercializou 3 828 unidades no país, um incremento de 4,3% sobre o mesmo período de 2003. De janeiro a maio, as vendas internas totais de tratores somaram 11 284 unidades no Brasil - 3,8% mais que no ano passado. A Agrale, contudo, parece ignorar as projeções. Nos primeiros cinco meses, suas vendas domésticas cresceram 62% sobre o mesmo período de 2003. A empresa comercializou 486 unidades de janeiro a maio, ante 300 no ano passado.

Exportações

Crosa atribui o desempenho ao lançamento de novos modelos, ao maior trabalho junto aos canais de distribuição e ao aumento das exportações. "Exportamos entre 15% e 20% de nossa produção", afirma A América do Sul é o principal alvo.

Cerca de 80% dos negócios fechados pela AGCO no mercado interno contam com financiamento do Moderfrota. Apesar do orçamento maior do programa federal nesta safra, a empresa acredita que o mercado interno continuará nos níveis de 2003 e estima que 60% de seu faturamento, neste ano, virá das exportações. A receita da empresa deve oscilar entre 700 milhões e 750 milhões de dólares no país. Em 2003, o valor foi de 600 milhões de dólares. No último ano, a AGCO fabricou 19.348 tratores no país e exportou 9.425.

O interesse das empresas pelo mercado externo reflete a realidade de todo o setor. De janeiro a maio, o Brasil exportou 9.123 tratores de rodas, uma alta de 75,4% sobre os 5.202 embarcados em igual período de 2003. "Na AGCO, as exportações subiram 78% em cinco meses", afirmou Santos. Isso aconteceu, segundo o executivo, porque a empresa não vende apenas tratores acabados para o exterior, mas também kits de máquinas desmontadas para serem construídas pelas demais unidades da AGCO pelo mundo. Além disso, parte da produção da unidade inglesa do grupo foi transferida para o país. Com isso, a capacidade instalada na unidade de Canoas (RS) passou de 80 para 120 tratores por dia.

Investimentos

As perspectivas também não animam as empresas a programar grandes investimentos para 2004. "Estamos otimistas com os recursos do Moderfrota, mas ainda é prematuro falar em novos investimentos", afirma Crosa. Já na AGCO, este será um ano de entresafra. Saindo de investimentos de cerca de 60 milhões de dólares no ano passado, que incluíram as ampliações das unidades de Canoas (tratores) e Santa Rosa (colheitadeiras), a empresa espera sinais do mercado para decidir os próximos passos.

O mais provável, segundo Santos, é que novas inversões sejam realizadas apenas no próximo ano. Isso, se os tratores lançados em 2004 forem bem aceitos pelo mercado americano, um de seus principais alvos para exportação.

O Brasil fabricou, no ano passado, 61.026 máquinas agrícolas automotrizes, um crescimento de 17,33% sobre as 52.010 construídas em 2002. Os tratores de rodas foram os mais produzidos - 47.109 unidades, um aumento de 16,74% sobre o ano retrasado. Em seguida, vieram as colheitadeiras (9.195 unidades, 34,21% mais que em 2002). Cultivadores, tratores de esteiras e retroescavadeiras completam a lista.

Acompanhe tudo sobre:AGCOAgraleEmpresasEmpresas americanasIndústriaIndústrias em geral

Mais de Brasil

Mancha de poluição no rio Tietê cresce 29% em 2024, 3ª alta anual consecutiva

'Perigo': Inmet alerta para tempestades no Sul e baixa umidade no centro do país; veja previsão

Maduro afirma que Edmundo González 'pediu clemência' para deixar a Venezuela

Volta do horário de verão pode gerar economia de R$ 400 milhões, diz ministro