Paulo Roberto Costa: ele poderá responder a um processo de lavagem de dinheiro (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2014 às 08h09.
Genebra - Os extratos bancários das contas suíças do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmam depoimentos e delações de testemunhas e acusados de envolvimento no esquema de corrupção na estatal. Esses documentos também tem potencial para abrir novas frentes de investigações no Brasil.
Hoje (28), os três procuradores brasileiros que passaram a semana consultando documentos da investigação do Ministério Público da Suíça sobre o caso retornam ao Brasil munidos de novos materiais.
Os documentos vão permitir que o Ministério Público brasileiro conclua as atuais investigações e acelere o processo para abrir a fase de instrução contra os principais suspeitos, caso as denúncias sejam aceitas pela Justiça.
No início do ano, os suíços iniciaram sua própria investigação e identificaram como as contas encontradas tinham relação direta com projetos da Petrobras, como a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a compra de Pasadena, no Texas (EUA).
Costa poderá responder a um processo de lavagem de dinheiro na Suíça.
No total, cinco contas em nome do ex-executivo da Petrobras foram encontradas com um total de US$ 26 milhões depositados.
Esses recursos serão repatriados ao Brasil e depositados em uma conta que será administrada de forma conjunta pelo MP e pelo Supremo Tribunal Federal, após um acordo entre autoridades dos dois países.
Mas é o que indicam os extratos e nomes de quem fez os depósitos que mais chama a atenção do grupo de investigadores brasileiros.
O conteúdo dos extratos, quem alimentou as contas na Suíça e quem recebeu o dinheiro estão sendo mantidos em total sigilo enquanto a delegação brasileira estiver em Lausanne.
Fontes no Ministério Público da Suíça disseram à reportagem que os brasileiros retornarão ao País com "munição" para dar início à etapa final da investigação.
Entre os nomes buscados estão Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado nas delações como operador do PMDB, além de empresas e intermediários.
Os documentos foram liberados pelos bancos suíços por exigência da Justiça, que acumula um verdadeiro dossiê sobre como funciona o pagamento de propinas no Brasil.
Algumas das evidências apontam que as contas e o esquema financeiro operam há anos, principalmente em Genebra.
A expectativa é de que essa não será a única ida à Suíça do grupo de procuradores brasileiros - Orlando Martello, Deltan Dallagnol e Eduardo Pelella.
Diante do saldo positivo da viagem, os procuradores também fornecerão informações para o processo que corre na Suíça e devem retornar à Lausanne nos próximos meses.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.