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Exército terá 850 homens por turno patrulhando a Maré

Efetivo nas ruas será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo


	Morador olha policial durante ação no Complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Morador olha policial durante ação no Complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 19h02.

Rio - Os becos e vielas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, que seria ocupada a partir da madrugada deste sábado, 5, pelas Forças Armadas, deverão ser patrulhadas por cerca de 850 militares por turno. O efetivo nas ruas será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo. Isso porque a escala de trabalho das tropas federais é diferente da PM.

E o número pode aumentar rapidamente, visto que outros 850 homens estarão permanentemente de prontidão para agir em caso de necessidade. No total, serão empregados 2.050 militares do Exército, 450 da Marinha e 200 policiais militares. As tropas do Exército e da Marinha começariam a se movimentar, inclusive com blindados, no fim da noite desta sexta-feira, 4.

Eles se reuniriam no antigo 4º Batalhão de Infantaria Blindada (atual sede do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio, na Maré), e também no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), na Avenida Brasil, onde será montada a base da Força de Pacificação da Maré.

No fim da manhã, está prevista a realização de uma solenidade para simbolizar a troca do comando da ocupação entre a PM e as Forças Armadas. A cerimônia será na Vila do Pinheiro, onde no último domingo foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio, e onde foi montada a base do Batalhão de Choque da PM.

Das 15 favelas da Maré onde vigiará a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que confere poder de polícia às Forças Armadas, a Marinha deve atuar nas cinco localizadas à direita da pista sentido Ilha do Fundão da Linha Amarela: Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa e Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança. Com mais efetivo, o Exército ficará responsável pelo patrulhamento nas dez comunidades restantes, numa área bem maior.

Protesto

As Forças Armadas estão em alerta devido ao protesto contra a ocupação pela tropa da Maré convocado pelas redes sociais para ter início às 15h de hoje. Até o fim da tarde de ontem, a manifestação, intitulada "Maré resiste!", tinha mais de 400 confirmações no Facebook. Os militares já foram informados do evento e orientados a ignorar eventuais provocações. "Nossa maior preocupação é evitar que o protesto acabe em confusão, o que reforçaria ainda mais o discurso contra a presença da tropa no local", explicou um militar.

Na justificativa para o evento, que será realizada na Favela Parque União, os organizadores escreveram: "No ano que marca os 50 anos do golpe militar de 1964, soldados e tanques das forças armadas voltam a ocupar as ruas do Rio de Janeiro num espetáculo midiático sensacionalista. Dessa vez (novamente), as favelas são o alvo, tratadas como fontes da violência e inimigas da cidade. As favelas sofrem há décadas com a incompetência e a negligência da gestão pública, ao mesmo tempo que abrigam a luta de um povo na superação das desigualdades sociais e pelo direito de ter direitos. Precisamos nos mobilizar, nos manifestar, e não aceitar a criminalização das favelas e a violação de direitos. Paz é um direito que não será garantido com cada vez mais armas. Diga não à militarização das favelas!".

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