Petrobras: cartel foi mencionado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef (André Valentim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2014 às 20h18.
Brasília - Presos na última sexta-feira (14), executivos das empresas Engevix Engenharia S.A. e da Construtora Queiroz Galvão S.A. negaram, em depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, a participação em um suposto cartel que superfaturava contratos da Petrobras para pagamento de propina a parlamentares e partidos políticos.
Aos policiais Carlos Eduardo Strauch Albero e Newton Prado Junior, da Engevix, e Idelfonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão, disseram não ter conhecimento da formação de cartel.
Os executivos foram ouvidos no fim de semana, mas os depoimentos só foram liberados nesta segunda-feira (17).
A existência do cartel atuando nas empresas com contrato com a Petrobras foi mencionada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef durante interrogatório no dia 8 de outubro.
No depoimento, Costa disse que as empresas superfaturavam os custos, os lucros indiretos, o chamado BDI, e repassavam 3% do valor dos contratos para agentes políticos.
A investigação da PF indica ainda que as contas bancárias das empresas MO Consultoria e GFD Investimentos, controladas por Youssef, receberam R$ 90 milhões entre 2009 e 2013 da Engevix e das empreiteiras Mendes Júnior, Galvão Engenharia e OAS.
Apesar de negarem a existência do cartel, os executivos da Engevix disseram ter tido contato com Youssef, que se apresentou como “senhor Primo”.
Durante seu depoimento, Carlos Eduardo Strauch Albero disse inclusive que entregou um envelope no escritório do doleiro.
“Fui entregar um envelope, a pedido da alta direção, no escritório desse senhor Primo, no bairro do Itaim, não lembro o exatamente o local”, disse Albero aos policiais. O executivo afirmou desconhecer o conteúdo do envelope.
Já o os executivos da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho (presidente), Mateus Coutinho de Sá Oliveira (diretor-financeiro), Agenor Franklin Magalhães Medeiros (diretor vice-presidente da Área Internacional), Alexandre Portela Barbosa (advogado) e José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário, permaneceram calados durante o depoimento.
Realizada na última sexta, a sétima fase da Operação Lava Jato resultou na prisão de 20 pessoas, entre elas, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
Foram cumpridos seis mandatos de condução coercitiva e os investigados não localizados tiveram os nomes incluídos no sistema de procurados da PF.
As prisões ocorreram em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal.
Os agentes apreenderam registros e livros contábeis, recibos, agendas, ordens de pagamento e documentos relacionamentos à manutenção e movimentação de contas no Brasil e no exterior.
Foram apreendidos também HDs, laptops, pen drives, smartphones e agendas manuscritas e eletrônicas dos investigados.