Brasil

Executivo pede a Moro autorização para peregrinação em Roma

Roberto Prisco Ramos, que foi alvo da Operação Xepa, alegou que, em "Anos Santos", mantém a tradição há quarenta anos. Moro negou a solicitação


	Executivo: Roberto Prisco Ramos, que foi alvo da Operação Xepa, alegou que, em "Anos Santos", mantém a tradição há quarenta anos. Moro negou a solicitação
 (Divulgação / Odebrecht Informa)

Executivo: Roberto Prisco Ramos, que foi alvo da Operação Xepa, alegou que, em "Anos Santos", mantém a tradição há quarenta anos. Moro negou a solicitação (Divulgação / Odebrecht Informa)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 12h20.

São Paulo - O executivo Roberto Prisco Ramos, ligado à Odebrecht e à Braskem, queria participar de uma "peregrinação religiosa" em Roma, com a mulher, em setembro.

Ele, que foi alvo da Operação Xepa da Lava Jato, pediu autorização ao juiz federal Sérgio Moro para fazer a viagem alegando que, em "Anos Santos", mantém a tradição há quarenta anos. Mas, em despacho nesta terça-feira, 16, Moro negou a solicitação.

O executivo foi preso temporariamente em março deste ano e foi colocado em liberdade mediante, entre outros compromissos, proibição de deixar o País.

No pedido a Moro, a defesa do executivo alegou que ele e a mulher "desde que se casaram, em abril de 1973, têm como tradição viajar à cidade de Roma, na Itália, por ocasião dos chamados 'Anos Santos', para participar da peregrinação pelas 'Portas Santas' – Porta Santa da Basílica de São Pedro, de São João Latrão, de Santa Maria Maior e de São Paulo Fora-dos-Muros."

"Este 'Ano Santo' chamado 'Ano Santo da Misericórdia', se iniciou em 8 de dezembro de 2015, com a celebração dos 50 anos do final do Concilio Vaticano II, e terminará na Festa de Cristo Rei, em 20 de novembro de 2016, último dia do ano litúrgico. O ora requerente (Roberto Ramos) e sua esposa haviam programado participar da peregrinação à Porta de São Pedro, no dia 14 de abril de 2016, e já estavam com tudo agendado, quando o requerente, no mês de março, foi preso, motivo pelo qual a programação foi cancelada", relatou a defesa do executivo.

A advogada Leticia Lins e Silva declarou a Moro que "na expectativa" de que as investigações ligadas ao executivo "fossem concluídas a tempo, sua esposa fez uma nova inscrição para o dia 20 de setembro (2016)".

"Dada a importância do referido compromisso religioso para este casal – uma

tradição de mais de 40 anos – Roberto Ramos vem requerer a Vossa Excelência permissão para realizar a referida viagem de peregrinação na companhia de sua esposa, permanecendo no exterior por, no máximo, 25 dias, após os quais o requerente devolverá o seu passaporte à Secretaria deste Juízo e continuará a cumprir a medida alternativa à prisão que lhe foi imposta", comprometeu-se a defesa.

Em sua decisão, Moro negou o pedido de Roberto Prisco Ramos e citou a negociação de delação premiada de executivos da Odebrecht. "A pretendida viagem, ainda que por motivos religiosos, é inconsistente com o compromisso assumido.

Além disso, a permanência do investigado no Brasil no momento é necessária para eventuais esclarecimentos já que há notícias de negociação de alguma espécie de acordo entre o Ministério Público Federal e executivos da Odebrecht."

Roberto Prisco Ramos apareceu inicialmente nas investigações da Lava Jato após a investigação localizar email trocado entre ele e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior empreiteira do País está preso desde 19 de junho de 2015.

A mensagem eletrônica fazia referência à colocação de "sobrepreço" de US$ 25 mil por dia no contrato de operação de sondas.

O executivo foi citado ainda em relatório da Polícia Federal. O documento indicou que executivos ligados à Odebrecht usavam em suas correspondências a palavra "acarajé" como senha para entrega de valores supostamente ilícitos.

A alusão ao famoso quitute baiano deu origem à Operação Acarajé, que culminou em fevereiro de 2016 com a prisão do publicitário João Santana e de sua mulher e sócia, Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014).

Em uma das mensagens, Roberto Prisco Ramos escreveu. "Tio Bel, você consegue me fazer chegar mais 50 acarajés na 4ª feira à tarde (por volta das 15hs) no escritório da OOG, no Rio? Estou no México, mas chego de volta na 4ª de manhã", solicitou Ramos a Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho em mensagem do dia 27 de janeiro de 2014, às 14h33.

Em outra mensagem, de 29 de outubro de 2013, Ramos havia feito solicitação semelhante, usando o mesmo código. "Meu Tio, Vou estar amanhã e depois em SP; será que dava para eu trazer uns 50 acarajés dos 500 que tenho com você? Ou posso comprar aqui mesmo, no Rio? Tem alguma bahiana de confiança, aqui?"

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas brasileirasNovonor (ex-Odebrecht)Operação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi