Brasil

Execução de músico pelo Exército foi "erro lastimável", diz Santos Cruz

Além do músico, um catador também foi atingido quando uma patrulha de militares fez 80 disparos em direção ao carro da vítima

Santos Cruz: Ex-ministro da Secretaria de Governo classifica como "erro lastimável" episódio de morte de músico e catador pelo Exército Brasileiro no Rio de Janeiro em abril (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Santos Cruz: Ex-ministro da Secretaria de Governo classifica como "erro lastimável" episódio de morte de músico e catador pelo Exército Brasileiro no Rio de Janeiro em abril (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de junho de 2019 às 12h32.

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, disse nesta quinta-feira, 27, que foi um "erro lastimável" da parte do Exército Brasileiro a execução do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo, ocorrida no Rio de Janeiro, em abril.

O caso mobilizou a opinião pública. O governo federal, porém, evitou entrar no assunto e não classificou-o como erro. Depois de cinco dias, o presidente Jair Bolsonaro classificou a execução como um "incidente" e disse que o Exército "não matou ninguém".

Já o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que sucedeu Santos Cruz na Secretaria de Governo, disse que não foram assassinatos as mortes do músico e do catador. "Houve uma fatalidade. O pessoal tem colocado assassinato, não é", afirmou.

As declarações de Santos Cruz foram dadas durante o 14º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

O caso

Evaldo Rosa dirigia seu carro, um Ford Ka sedan branco, rumo a um chá de bebê, e transportava a mulher, um filho, o sogro e uma adolescente. Ao passar por uma patrulha do Exército na Estrada do Camboatá, o veículo foi alvejado com 80 disparos pelos militares. O motorista morreu no local. O sogro ficou ferido, mas sobreviveu. O catador Luciano Macedo, que passava a pé pelo local, também foi atingido e morreu dias depois.

Inicialmente, o Comando Militar do Leste (CML) emitiu nota dizendo que a ação havia sido uma resposta a um assalto e sugeriu que os militares haviam sido alvo de uma “agressão” por parte dos ocupantes do carro. A família contestou a versão e só então o Exército recuou e mandou prender dez dos 12 militares envolvidos na ação. Um deles foi solto após alegar que não fez nenhum disparo.

Os militares teriam confundido o carro do músico com o de criminosos que, minutos antes, havia praticado um assalto perto dali. Esse crime foi flagrado por uma patrulha do Exército. Havia sido roubado um carro da mesma cor, mas de outra marca e modelo – um Honda City.

Foram presos o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, o sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva e soldados Gabriel Christian Honorato, Matheus Santanna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo, Leonardo Oliveira de Souza, Gabriel da Silva de Barros Lins e Vítor Borges de Oliveira. Todos atuam no 1º Batalhão.

Acompanhe tudo sobre:ExércitoGoverno BolsonaroRio de JaneiroViolência urbana

Mais de Brasil

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi

Ex-vice presidente da Caixa é demitido por justa causa por assédio sexual